Notas – Cap. 3

Capítulo 3

1
- O argumento de Jesus é claro: ser capaz de fazer o bem e preferir fazer o mal é pecado (em aramaico o sentido geral da palavra "pecar" é "errar"), pois há pouca diferença entre fazer o mal e deixar de fazer o bem (Tg 4.17). Os mestres judaicos pregavam que o sábado era um dia dedicado ao descanso, amor e misericórdia, por isso, o socorro a quem estivesse em perigo era permitido. Entretanto, Jesus os confronta com suas próprias e cruéis intenções, uma vez que estavam usando o sábado para tramar o seu assassinato. [voltar ao texto]

2 - A partir desta controvérsia, os mestres e as autoridades eclesiásticas judaicas foram tomados por terrível ódio contra Jesus, a ponto de se juntarem com os herodianos, um partido político nacionalista muito influente que apoiava Herodes e sua dinastia contra Roma (Mt 22.16). Os fariseus (que significa "os separados") formavam um partido do povo, com pessoas de classe baixa, e se opunham aos herodianos e aos saduceus, ricos e aristocratas (12.18-23). Entretanto, para matar Jesus todo conchavo foi aceito entre eles. [voltar ao texto]

3 - A popularidade de Jesus crescia assustadoramente. Essa rápida lista de Marcos mostra que as multidões vinham não apenas das áreas adjacentes a Cafarnaum, mas também de longas distâncias. As regiões mencionadas incluem praticamente a totalidade das principais regiões de Israel e países vizinhos. Iduméia (forma grega da palavra hebraica Edom) aqui se refere a uma grande área da Palestina ocidental ao sul da Judéia, e não ao antigo território edomita de Edom. [voltar ao texto]

4 - O próprio Jesus discipulou os Doze por meio do ensino constante e de estreita convivência, por isso foram designados apóstolos (em grego appostelle forma verbal de "apóstolo", ou seja "comissionado", "designado para uma missão"). Além dos discípulos esse termo se aplica à pessoa de Jesus (Hb 3.1), a Barnabé (At 14.14), a Paulo e a Matias (At 1.16-26), a Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19), e a alguns outros discípulos (Rm 16.7). No NT essa palavra é usada muitas vezes com um sentido mais genérico (Jo 13.16), sendo traduzida por "mensageiro". O apostolado foi o dom principal concedido pelo Espírito Santo para estabelecer a Igreja de Cristo. Era necessário que o apóstolo fosse testemunha ocular da ressurreição ou comissionado por Jesus (1Co 1.1). Nem as Escrituras (AT e NT), nem a tradição da Igreja, desde os primórdios, apóiam a hierarquia eclesiástica com a instituição de um papa soberano e infalível no comando de apóstolos, bispos e ministros paroquianos. [voltar ao texto]

5 - Um grupo de parentes e amigos de Jesus parte de Nazaré (terra natal de Jesus e sua parentela) e viaja cerca de 48 km para tentar levá-lo à força de volta para a casa de seus pais e irmãos (José já havia morrido nessa época), pois se preocupavam muito com a maneira como ele se entregava ao ministério de servir às multidões (Mt 1.25; Mt 12.46-50; Lc 2.7; Lc 8.19). Em hebraico, a maneira como Jesus responde não é agressiva, mas enaltece os laços espirituais que devem unir a família de Deus para que sejam ainda mais seguros, leais e duradouros, pois devem ter como princípio a obediência à Palavra. Esse foi o conceito-base que originou a Igreja. [voltar ao texto]

6 - Belzebu é uma antiga expressão hebraica (Baal-zebude significa "senhor das moscas", 2Rs 1.2,16) ligada ao líder máximo dos demônios. A declaração de Jesus sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo é das mais solenes. Entretanto, o pecado imperdoável não é um pensamento, ato ou palavra isolada, mas sim a persistente atitude de arrogância, oposição intencional e rejeição explícita a Jesus Cristo e Sua Palavra. Essa é a maneira de ser de todos aqueles que amam mais as trevas do que a Luz (Jo 3.19). Jesus não declarou que os mestres e líderes religiosos haviam efetivamente cometido esse pecado, mas que estavam em iminente perigo. [voltar ao texto]

7 - Os parentes de Jesus ainda não acreditavam na Sua pessoa como Filho de Deus e Senhor dos Senhores (Jo 7.5). Não há razão para concluir que os irmãos e irmãs de Jesus pudessem ser primos, filhos de José antes de seu casamento com Maria. Assim como não há base bíblica e histórica para se aceitar a doutrina da virgindade perpétua de Maria, mãe de Jesus, dogma católico instituído pelo Papa Pio IX em 1854. [voltar ao texto]