Notas – Cap. 12

Capítulo 12

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- Jesus continua a falar com os mesmos líderes religiosos de 11.27. Esta história ilustrativa e repleta de ensinamentos (parábola) fala dos homens que desconfiam da autoridade divina de Jesus. As expressões hebraicas: "plantou uma vinha", "cerca ao redor", "cavou um tanque", "torre de vigia" vêm citadas na versão grega de Isaías 5.1,2, na tradução das Escrituras chamada Septuaginta ou, simplesmente "LXX". [voltar ao texto]

2 - A palavra "servo" aqui usada é doulos (em grego: escravo). Neste caso indica uma das grandes características do Profeta de Jeová, do AT: "obediente e submisso a Deus" (Jr 7.25; Am 3.7; Zc 1.4). [voltar ao texto]

3 - A derradeira possibilidade de reconciliação dos seres humanos com o Criador está na intermediação de Cristo, o Filho amado. A ênfase de todo o NT está na incomparabilidade de Jesus Cristo (Hb 1.1,2). Quem rejeitar o Filho fica sem qualquer esperança de aceitação da parte de Deus, o Pai. [voltar ao texto]

4 - Pela lei judaica, em vigor na época, qualquer propriedade não reclamada por seu herdeiro legal passava a ser declarada "terra sem dono", e poderia ser outorgada propriedade da primeira pessoa que se identificasse como dono dessas terras. Os vinicultores, embriagados pela avareza e cobiça, logo perceberam que assassinando o filho do dono poderiam tornar-se os novos e ricos proprietários das terras. [voltar ao texto]

5 - Esta passagem é composta integralmente com expressões extraídas da tradução grega Septuaginta (LXX) do Salmo 118.22,23. A pedra principal ou angular era a pedra que unia e completava as grandes construções da época (At 4.11; 1Pe 2.7,8). Deus permitiu o assassinato de seu Filho único, apenas para, em seguida, exaltá-lo como Senhor supremo e Juiz dos pecadores inveterados (Fp 2.6-11). [voltar ao texto]

6 - Este episódio ocorreu na terça-feira da Paixão, em um dos átrios do templo. Os herodianos eram partidários de Herodes Antipas, rei da Galiléia. O plano para matar Jesus, tramado logo depois do início do seu ministério na Galiléia, estava agora amadurecendo rapidamente e ganhava força nos meios religiosos e políticos de Jerusalém. [voltar ao texto]

7 - O NT apresenta alguns princípios básicos referentes à nossa obediência ao Estado: 1) O Estado não é maior nem mais poderoso que o Senhor. Deve, portanto, ser submisso à vontade expressa de Deus (Rm 13.1). 2) O Estado tem deveres e direitos para com seu povo que, por sua vez, também deve cumprir com suas responsabilidades cívicas. Existem obrigações para com o Estado que não entram em choque com nossas obrigações prioritárias para com Deus (Rm 13.1-7; 1Tm 2.1-6; Tt 3.1,2; 1Pe 2.13-17). 3) O limite dessas responsabilidades para com o Estado não deve ultrapassar a vontade de Deus, claramente expressa pelo Espírito Santo aos cristãos e escrita em Sua Palavra (At 4.19). [voltar ao texto]

8 - Os saduceus representavam o partido judaico aristocrata dos sacerdotes e das classes ricas, na época subordinado aos romanos. Estabelecidos principalmente em Jerusalém, fizeram do templo e de sua administração seu interesse principal. Embora pequeno em número, na época de Jesus, esse grupo exerceu poderosa e decisiva influência política e religiosa em Israel, e até em Roma. Negavam a ressurreição dos mortos, aceitavam somente a autoridade divina dos primeiros cinco livros de Moisés (o Pentateuco ou a Torá), e rejeitavam totalmente a tradição oral dos judeus. Essas doutrinas geravam grande conflito entre os saduceus, os fariseus e a fé comum judaica. [voltar ao texto]

9 - As doutrinas e pressuposições teológicas dos saduceus os incapacitavam de entender coerentemente (conhecer) o AT como um todo e não apenas o Pentateuco. [voltar ao texto]

10 - Era comum os mestres judeus referirem-se ao evento da "sarça" ao falar do maravilhoso encontro de Deus com Moisés no deserto ou para lembrar o texto bíblico de Êx 3.1-6 (ver Rm 11.2, em que "Elias" se refere a 1Rs 19.1-10). Nesta passagem, Jesus confirma a inspiração e a historicidade do texto de Êx 3. Os planos do Criador e Fonte da vida não serão vencidos pela morte, nem pelo pecado (Sl 73.23). Deus é Senhor dos vivos, pois ainda que morramos, seremos ressuscitados e estaremos vivos para sempre. [voltar ao texto]

11 - Os antigos rabinos judeus contavam 613 ordenanças da Lei e procuravam diferenciar entre mandamentos "pesados" ou "mais importantes" (graves), e aqueles considerados "leves" ou "menos importantes". Os escribas eram fariseus, teólogos e eruditos da lei, criadores e transmissores da interpretação tradicional dos mandamentos de Deus. [voltar ao texto]

12 - Jesus recita o Shema, em razão de ser a primeira palavra hebraica de Dt 6.4, que significa "Ouve" (preste atenção para praticar). Citar este trecho das Escrituras tornou-se uma espécie de confissão de fé judaica, recitada por judeus piedosos e consagrados, todas as manhãs e ao pôr-do-sol. Até hoje é usada para iniciar os cultos nas sinagogas em todo o mundo. No entanto, especialmente na vida dos líderes religiosos que combatiam Jesus, o Shema havia se tornado apenas uma "reza" ou "oráculo", repetição meramente ritualística de palavras, as quais se imagina que possam tocar a divindade. Jesus resgatou o verdadeiro sentido do Shema e acrescentou-lhe o mandamento de Lv 19.18, para demonstrar que é impossível amar a Deus sem honrar ao próximo com o mesmo sentimento de cuidado que devotamos a nós mesmos. O amor a Deus tem como expressão natural o amor aos irmãos de raça e à terra em geral. O primeiro e o segundo mandamentos são inseparáveis (1Jo 4.20). Agostinho proclamou: "Ama a Deus e faze o que queres", pois o amor sincero a Deus purifica todas as nossas intenções. A ênfase na unidade absoluta do Deus único é usada para negar qualquer idéia de politeísmo, comum a todos os povos não judeus da antigüidade. [voltar ao texto]

13 - Jesus usa habilmente as Sagradas Escrituras para mostrar que o Cristo (o Messias) era mais que descendente de Davi. Era o Senhor de Davi (Sl 110.1). [voltar ao texto]

14 - Os escribas (mestres da lei) gostavam de usar túnicas compridas de linho branco com franjas que quase tocavam o chão. Colocavam boa parte de sua respeitabilidade na aparência exterior. [voltar ao texto]

15 - Os lugares mais destacados e importantes nas sinagogas ficavam em frente a uma réplica da "Arca" que era usada para guardar os rolos sagrados (cópias manuscritas dos originais). Aqueles que tinham o privilégio de sentar-se ali podiam ser vistos na sinagoga por toda a congregação. [voltar ao texto]

16 - Os mestres da lei não recebiam um salário fixo e regular. Dependiam de ofertas voluntárias dos irmãos judeus. As senhoras viúvas eram, em geral, as mais generosas e muitas vezes vítimas de exploração. [voltar ao texto]

17 - Os gazofilácios ou caixas de ofertas ficavam no átrio das mulheres. Nele se achavam treze receptáculos em forma de trombeta para receber as contribuições trazidas pelos adoradores. De maneira curiosa, os homens tinham permissão para entrar nesse recinto, mas as mulheres não podiam ir a qualquer outra parte do templo. [voltar ao texto]

18 - As moedas de cobre (em grego, lepta, "finas") eram as menores em circulação em toda a Palestina e correspondiam ao mínimo valor monetário, valiam apenas 1/6 de um denário. Todavia Jesus observou o desprendimento da pobre senhora que ofereceu ao Senhor tudo o que tinha (2Co 8.12). [voltar ao texto]