Notas – Cap. 2

Capítulo 2

1
- Pedro e sua família (1Co 9.5) faziam questão de hospedar Jesus sempre que ele estava em Cafarnaum, e Jesus se sentia em casa (1.21,29). [voltar ao texto]

2 - A Palavra é o Evangelho: Cristo e as boas novas da Salvação eterna (1.15). As multidões estavam à espera do Senhor e o receberam com o mesmo entusiasmo de antes (1.32,33,37). [voltar ao texto]

3 - Uma casa típica da Palestina daqueles tempos tinha o telhado plano, onde se podia chegar por uma escada externa. O telhado era geralmente coberto com uma camada de barro apoiada por esteiras feitas de ramos de palmeiras e sustentadas por vigas de madeira. [voltar ao texto]

4 - Na teologia judaica, nem mesmo o Messias teria poder para perdoar pecados, somente e exclusivamente o Altíssimo (Deus, em hebraico Yahweh). Jesus, de forma simples e natural, age como perfeito ser humano (compassivo e solidário em relação ao próximo), e perfeitamente como Deus (oferecendo solução à mais profunda e dramática necessidade humana: o perdão). Essa demonstração prática, pública e visual da deidade de Jesus foi considerada pelos teólogos locais (escribas ou mestres da lei) como uma grave e escandalosa blasfêmia. [voltar ao texto]


5 - Para Jesus seria mais fácil apenas curar o paralítico e chamar a atenção do público para sua pessoa. Mas perdoar tinha a ver com a glória de Deus e lhe custaria uma vida de sacrifício e seu próprio holocausto na cruz (10.45). E para os mestres? O que seria mais fácil? Curar ou perdoar? A expressão de Jesus: "Estão perdoados de ti os pecados", é a tradução literal dos melhores originais, em grego
. [voltar ao texto]

6
- Jesus intitulou a si mesmo de "Filho do homem" por cerca de 80 vezes nos evangelhos. Segundo o profeta Daniel (Dn 7.13,14), o filho de um ser humano é retratado como personagem celestial a quem, no final dos tempos, Deus confiou plena autoridade, glória máxima e poder soberano. Fica claro que um dos propósitos dos muitos milagres, sinais e prodígios realizados por Jesus era apresentar provas indiscutíveis da sua divindade (Jo 2.11; 20.30,31). Com certeza o paralítico e a multidão presente compreenderam claramente quem era Jesus e sua atitude, pois glorificaram a Deus. [voltar ao texto]

7 - Levi era o nome de infância de Mateus, nome apostólico que significa "dádiva do Senhor" (Mt 9.9; 10.3). Levi era publicano e cobrador de impostos (Lc 5.27), sujeito às ordens de Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia. A coletoria era quase sempre uma espécie de bilheteria onde eram cobrados pedágios para aqueles que transitassem pela estrada internacional que ligava Damasco ao litoral do Mediterrâneo e ao Egito, passando por Cafarnaum. A maioria dos publicanos cobrava impostos além da lei e prestava falsos relatórios ao governo de Roma. Eram odiados pelo povo; para os fariseus eram iguais aos pecadores (literalmente: gente de má fama) que desprezavam a Lei. Em vista de viverem na companhia dos gentios eram excluídos da sinagoga. [voltar ao texto]

8 - Na cultura oriental e especialmente na judaica, fazer uma refeição na casa de alguém era um grande sinal de amizade entre os participantes. O termo "pecadores" era em geral uma maneira de se referir aos cobradores de impostos, mentirosos, enganadores, adúlteros, assaltantes, criminosos, e pessoas de má reputação. Jesus e seus discípulos eram os convidados de honra de um grupo com essas qualificações gerais. Jesus compartilha as bênçãos de sua mesa com os pecadores remidos (Ap 3.20). [voltar ao texto]

9 - Os fariseus eram um grupo de religiosos e sucessores dos hassidins, judeus piedosos que juntaram suas forças às dos macabeus durante a guerra pela liberdade de Israel da Síria (166 a 142 a.C). Os fariseus surgiram no reinado de João Hircano, entre 135 e 105 a.C. Embora alguns realmente fossem homens de Deus, a maioria dos que conflitaram com Jesus eram hipócritas, invejosos, formalistas e envenenados por sórdidos interesses políticos. Segundo o farisaísmo, a graça de Deus era oferecida somente para aqueles que cumprissem a Lei. [voltar ao texto]

10 - Os discípulos de João jejuaram porque seu mestre estava preso, por estarem em oração pela redenção proclamada por João e por causa da doutrina (ascetismo) de purificação e arrependimento pregada por João como preparação para a vinda de Cristo. Entretanto, a Lei de Moisés prescrevia apenas um jejum obrigatório: no Dia da Expiação (Lv 16.29,31; 23.27-32; Nm 29.7). Após o Exílio na Babilônia, quatro outros jejuns anuais eram observados (Zc 7.5; 8.9). Na época de Jesus os fariseus tinham o costume de jejuar duas vezes por semana (Lc 18.12). [voltar ao texto]

11 - A expressão "noivo" refere-se a Cristo (Ef 5.23-32). No AT, o "noivo" é Deus (Os 1.1-11; Is 54.5; 62.45; Jr 2.2). Os casamentos judaicos eram uma ocasião para alegria geral e a sua celebração chegava a durar uma semana. Não fazia o menor sentido pensar em jejum durante essas festividades. O jejum sempre esteve relacionado a momentos de dificuldade, grandes desafios e tristeza. Enquanto o "noivo" estava na festa era tempo de regozijo, o tempo triste e amargo chegaria, quando Jesus seria "tirado com violência" (literalmente em grego aparthe), e naqueles dias, sim, os discípulos jejuariam. Certamente que a analogia de Jesus foi bem compreendida pelos inquiridores. [voltar ao texto]

12 - Estas duas parábolas (Mt 9.16,17; Lc 5.36) ensinam claramente sobre a impossibilidade de se misturar o velho ritualismo da Lei (o Judaísmo em todas as suas formas e ramificações) com a Nova Aliança da graça e da liberdade em Cristo: o Evangelho (Gl 5.1,13). [voltar ao texto]

13 - A lei mosaica permitia a todo viajante colher espigas de trigo ao longo das estradas com o objetivo específico de comê-las, na hora, para matar a fome (Dt 23.25). Os fariseus não estão criticando essa prática, mas, sim, o fazer isso no sábado. É impressionante a calma e a segurança de Jesus diante das sucessivas investidas dos seus inquiridores, pois segundo o Talmude judaico, a ofensa de trabalhar (colher) no sábado incorria em pena de morte por apedrejamento, desde que o acusado fosse advertido e sua falta ficasse comprovada pelo testemunho de duas ou três autoridades religiosas, por isso o "Vê!" dos fariseus, tem o sentido de: "Atenção! Foste pego em flagrante delito". [voltar ao texto]

14 - Jesus busca em sua defesa um episódio ocorrido com o venerado (pelos judeus fariseus especialmente) rei Davi (1Sm 21.1-6). A relação entre os acontecimentos está no fato de homens de Deus terem feito algo proibido pela Lei. Como no direito judaico é sempre permitido praticar o bem e salvar vidas (ainda que seja no sábado), tanto Davi quanto os discípulos estavam dentro do chamado "espírito da lei" (Is 58.6,7; Lc 6.6-11; 13.10-17; 17.1-6). Havia, portanto, uma jurisprudência formada e os fariseus tiveram de aceitar a argumentação pública de Jesus. De acordo com 1 Sm 21.1-9, Aimeleque, pai de Abiatar, que era sumo sacerdote na ocasião (2Sm 8.17; Mt 12.4). [voltar ao texto]

15 A tradição judaica havia criado tantas restrições e normas sobre a guarda do dia do sábado, que a maioria das pessoas sentia-se culpada por não conseguir cumprir rigorosamente todas as ordenanças estabelecidas. Jesus enfatiza o propósito que Deus tem para o sábado: um dia para descanso; restauração espiritual, mental e física. Jesus conclui sua alusão à história judaica, mostrando que se a lei do sábado não tinha aplicação no caso do servo do templo, muito menos teria qualquer restrição sobre Cristo, o Senhor do Templo. Somente no evangelho de Marcos encontramos a importante definição "O Filho do homem é Senhor inclusive do sábado", um dia especial consagrado a Deus. [voltar ao texto]