Notas – Cap. 11

Capítulo 11

1
- Aqui tem início a etapa derradeira do ministério de Jesus, que acontecerá dentro dos limites de Jerusalém, chamada de Cidade Sagrada. O monte das Oliveiras fica a leste de Jerusalém, chega a uma altura de 823 metros, um pouco mais alto do que o monte Sião. Do seu cume é possível ter uma linda visão panorâmica da cidade, especialmente do templo. [voltar ao texto]

2 - A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, evento assim conhecido pela maneira efusiva com que as multidões aclamaram essa chegada de Jesus Cristo à Cidade Santa, abre a Semana da Paixão, lembrada dessa forma para marcar os dias em que Jesus entregou sua própria vida em holocausto, por causa da sua paixão pela humanidade, e para resgatar todo aquele que nele crer da sentença perpétua do abandono de Deus. Mais uma vez as profecias se cumprem até nos detalhes (Zc 9.9; Mt 21.5; Jo 12.15), como foi o caso de Jesus solicitar um jumentinho sobre o qual ninguém ainda houvesse montado, numa ilustração do uso santificado dos elementos para o ritual do sacrifício (Nm 19.2; Dt 21.3). Esse foi um ato messiânico deliberado, de Jesus, revelando-se claramente ao povo como o Messias prometido, e permitindo que os líderes religiosos e políticos que viviam tentando surpreendê-lo em alguma falta, agora passassem a ter um pretexto. [voltar ao texto]

3- Parte das vestes de Jesus foi colocada sobre o lombo do jumentinho. Os profetas do AT foram dirigidos por Deus para ministrarem ao povo por meio de atitudes de grande efeito visual e dramático (Jr 19; Ez 4.1-3). A entrada triunfal, como a purificação do templo, a maldição da figueira, e a ceia do Senhor foram ações dessa natureza. Jesus se apresenta como o Messias. Entretanto, diferentemente de como imaginavam muitos judeus, sem armas ou exércitos, nem mesmo a natural arrogância dos monarcas e grandes líderes. Jesus foi o Messias da Paz (Lc 19.38-40). [voltar ao texto]

4 - A expressão hebraica hosana já era de uso comum (e por isso Marcos não a traduz para o grego) e proferida na aclamação de reis e governadores. O verso 10 indica que o povo reconheceu plenamente em Jesus a pessoa do Messias. O vocábulo tem origem na antigüidade judaica e foi usado por Davi em seus salmos de Hallel (Louvor). A passagem do Sl 118.25,26 era cantada na ocasião da celebração da Páscoa e como expressão de boas-vindas proferida pelos sacerdotes aos peregrinos de todas as partes que chegavam a Jerusalém. Portanto, muito adequada para aquele momento. Hosana tornou-se um grito de júbilo e louvor a Deus por seus feitos maravilhosos. [voltar ao texto]

5 - As figueiras da região de Jerusalém costumam brotar folhas novas no final de março, mas só produzem frutos quando toda folhagem está completa, por volta de junho. Essa figueira – como Israel – era uma exceção, já estava coberta de folhas muito antes do tempo, na Páscoa, mas sem oferecer nenhum fruto. O episódio serviu de grande recurso didático para que Jesus revelasse especialmente aos discípulos mais uma parábola sobre o Juízo, com a figueira servindo de perfeita ilustração (Os 9.10; Na 3.12). O acontecimento no templo e o evento com a figueira explicam-se mutuamente. [voltar ao texto]

6 - Jesus dirigiu-se ao "átrio dos gentios", a única parte do templo em que os gentios tinham acesso permitido para adorar a Deus e reunir-se para as orações. Os romeiros que vinham de todas as partes da Palestina, para as celebrações da Páscoa, tinham de comprar animais que satisfizessem as exigências rituais. Os sacerdotes mantinham um acordo com os vendedores e somente os animais comprados (a preços exorbitantes) dentro dessa área do templo recebiam uma espécie de visto de aprovação sacerdotal: "sem defeito" e, portanto eram aceitos na hora do sacrifício. Ao lado dos abrigos dos animais, os vendedores montavam mesas para troca (câmbio) do dinheiro estrangeiro pela moeda local. As pombas eram oferecidas para a purificação das mulheres (Lv 12.6; Lc 2.22-24) e para determinadas doenças de pele (Lv 14.22), além de outros fins específicos (Lv 15.14,29). Havia também as ofertas que deviam ser entregues pelos pobres (Lv 5.7), e vários outros tipos de sacrifícios. Jesus entrou no templo naquele dia como o verdadeiro Sumo Sacerdote (Ml 3.1) e agiu como responsável que é sobre o Templo do Espírito de Deus. [voltar ao texto]

7 - A indignação dos líderes religiosos é compreensível. Afinal eram os sacerdotes e seus chefes, Anás e Caifás, que embolsavam o lucro ilícito do comércio geral no templo. [voltar ao texto]

8 - Esta era a manhã de terça-feira da Paixão. O detalhe salientado por Marcos, informando que a figueira estava seca desde as raízes, foi uma admoestação ao grave estado de corrupção do povo de Israel a partir dos seus líderes religiosos máximos, e o aviso de que a destruição seria absoluta (Jo 18.16). Além disso, ninguém mais, em futuro algum, seria beneficiado pelos frutos espirituais de Israel. Uma vívida ilustração do terrível juízo que ocorreria no ano 70 d.C. (Mt 24.2). [voltar ao texto]

9 - Pedro observa que a figueira secou completamente, de um dia para o outro, e se dirige a Jesus em hebraico usando a expressão: Rabbi, que significa: "meu mestre". Jesus ensina que a nossa fé (que em hebraico tem o sentido de depositar toda a confiança), deve ser dedicada de forma pura e absoluta a Deus, o Pai. Mesmo a fé em Jesus é fé em Deus, que o enviou e o declarou Seu Filho pleno em poder (Jo 5.24; Rm 1.4; Fl 2.9). Era comum entre os mestres judaicos da época o uso da expressão "remover montes" em relação à solução de problemas muito complicados de interpretação e aplicação prática da Lei. Do alto do monte das Oliveiras era possível avistar o mar Morto. Quem ora com verdadeira fé em Deus não enfrenta dificuldades insolúveis nem insuportáveis; é vital não duvidar e não guardar rancor (Tg 1.6; 2.4). [voltar ao texto]

10 - O Sinédrio perguntava ao Senhor por que ele estava realizando um ato oficial sem reter cargo formal (Lc 20.2). [voltar ao texto]

11 - Os judeus usavam a expressão "céu" ou "céus", muitas vezes em substituição ao vocábulo divino "Deus" (ou como muitos judeus grafam ainda hoje: "D-us"), procurando evitar, assim, um possível mau uso do nome de Deus (Êx 20.7). Com sua pergunta Jesus deu a entender que sua autoridade provinha de Deus, da mesma maneira que o batismo de João. [voltar ao texto]