Notas – Cap. 10

Capítulo 10

1
- Os capítulos de 1 a 9 relatam o ministério de Jesus na Galiléia. De 10 a 15 focalizam a outra parte da missão do Senhor, já na Judéia. [voltar ao texto]

2 - O ser humano, por causa de sua pecaminosidade inata, tem a forte tendência de se ater mais ao teor da Lei do que ao seu espírito. Tanto Jesus como todo judeu convicto reconhecem a plena autoridade da Bíblia. Cristo não nega o ensino registrado em Dt 24.1, mas revela que a separação ou divórcio, jamais foi plano de Deus para os matrimônios. Os fariseus não estavam conseguindo discernir entre a vontade absoluta de Deus e Sua permissão, levando em conta a fraqueza humana diante do pecado. A separação entre marido e mulher nunca contou com a aprovação de Deus, a não ser como o menor entre dois males. O termo grego sklerokardia, sempre usado no sentido espiritual para denotar um tipo de "coração inflexível e arrogante", traduz um estilo de vida permanentemente em rebelião contra Deus e Sua Palavra. [voltar ao texto]

3 - O casamento cria um novo tipo de relação familiar (Gn 29.14), onde o amor e a vida conjugal são exclusivos (Ef 5.30). A santidade no casamento faz parte do plano original de Deus para o homem e a mulher. [voltar ao texto]

4 - Jesus usa sua autoridade para invalidar a doutrina rabínica da época que não considerava o adultério do homem contra sua esposa. Na prática judaica, o marido podia mandar sua mulher embora de casa, por qualquer motivo e sem qualquer direito ou mediação jurídica. Por isso, Jesus salienta que Deus, nosso Juiz, é quem promove a união das pessoas. O homem, ao separar-se de sua esposa, coloca-se igualmente sob condenação divina. [voltar ao texto]

5 - Só aquele que aceitar o Reino de Deus com o coração receptivo e puro de uma criança, como um dom gracioso do Senhor, poderá desfrutar plenamente de todos os seus privilégios (Ef 2.8,9). [voltar ao texto]

6 - Jesus procura ajudar o homem a refletir sobre a soberania de Deus. Só Ele é bom no sentido absoluto. Assim, referir-se a Jesus como "bom" seria o mesmo que chamá-lo de Deus. Ele é o único Caminho para todo ser humano, independentemente do seu grau de instrução, nacionalidade, cultura ou poder econômico, político e financeiro. Lucas (18.18,19) informa que este homem era "importante", e a expressão no original nos leva a pensar em um membro do concílio ou do tribunal oficial dos judeus. Mateus diz que era um "jovem rico" (Mt 19.20). Religioso, cheio de planos e vontade de acertar, pronto a pagar pelo que desejava adquirir. [voltar ao texto]

7 - Os judeus e cristãos são proibidos de cometer fraudes. Este mandamento tem a ver com a cobiça. Nesse trecho Jesus decidiu mencionar seis ordenanças contra atitudes erradas em relação ao próximo (Êx 20.12-16; Dt 5.16-21). [voltar ao texto]

8 - Jesus não está interessado em que o homem se torne pobre, mas, sim, que humildemente se lembre de que a ordenança mais importante é amar a Deus sobre todas as coisas. Exatamente o primeiro mandamento da Lei (Dt 6.4,5). O jovem tinha a idéia de um tipo de obediência exterior (Fp 3.6), normalmente ensinada nas sinagogas aos meninos, a partir dos 13 anos, idade em que passavam a assumir a responsabilidade de cumprir os mandamentos da Lei. [voltar ao texto]

9 - Para alguns arqueólogos havia nos muros de Jerusalém uma porta muito pequena, chamada de "agulha", através da qual um camelo só conseguia passar de joelhos. Por outro lado, é evidente que Jesus procura mostrar o contraste que havia entre o maior animal da Palestina, na época, e a abertura diminuta de uma agulha comum, usada na confecção das redes e roupas. Isso para mostrar que não há obra ou habilidade humana que possa granjear mérito suficiente para que alguém tenha acesso ao Reino. Isso só é possível a Deus, que, por sua vez, oferece esse dom graciosamente aos Seus (Jó 42.2; Zc 8.6; Jo 3.3-6). [voltar ao texto]

10 - Nenhuma obra ou ministério tem valor a menos que esse trabalho seja movido pelo amor a Deus e ao próximo (1Co 13.1-3). A fraternidade produzida pelo Evangelho faz dos cristãos uma grande família (At 2.44-47; 4.32-35; Rm 16.13). Juntamente com as imensas e deliciosas bênçãos, virão as provas, perseguições e o sofrimento, a fim de moldar o caráter do discípulo à imagem de Cristo. O julgamento final trará muitas surpresas. É preciso ficarmos alertas em relação ao pecado da arrogância e do orgulho. Lembremo-nos dos destinos finais de Judas Iscariotes, (que fora escolhido por Jesus como um dos seus Doze apóstolos), e Paulo, anteriormente um perseguidor de cristãos, e que trocaram de posição no Reino, mesmo nesta vida. O importante não é começar bem, mas terminar bem. [voltar ao texto]

11 - Esta é a última viagem de Jesus a Jerusalém. Iniciada na cidade de Efraim (Jo 11.54), indo para a Galiléia (Lc 17.11), mais ao sul a Jericó, passando pela região da Peréia (Lc 18.35), depois até Betânia (Lc 19.29), chegando a Jerusalém (Lc 19.41). Jesus estava sendo seguido por uma multidão de romeiros a caminho das celebrações da Páscoa em Jerusalém.
Comparando-se mais essa predição da Paixão de Cristo com as demais, encontramos vários detalhes proféticos, todos cumpridos nos últimos dias e horas do ministério de Jesus na terra. [voltar ao texto]

12 - A expressão usada originalmente por Jesus, aqui traduzida por "beber do cálice", significa em hebraico "compartilhar o mesmo destino de alguém". No AT o cálice de vinho era sempre usado como uma metáfora em relação à ira de Deus contra o pecado e, especialmente, contra a rebelião deliberada do ser humano (Sl 75.8; Is 51.17-23; Jr 25.15-28; 49.12; 51.7). Portanto, o cálice que Jesus tinha de beber diz respeito ao castigo divino dos pecados que Ele mesmo suportou no lugar de toda a humanidade condenada. Jesus usa a palavra "batismo", cujo significado tem a ver com "mergulho na água", para enfatizar seu "mergulho" no mais profundo dos sofrimentos para nos salvar da pena do afastamento eterno do Pai (Lc 12.50; Rm 6.3,4). [voltar ao texto]

13 - Esse é considerado por muitos teólogos e exegetas como o versículo-chave de Marcos: Jesus veio ao mundo como o Único Servo (só Ele é bom, Ele é a síntese do bem), que viveria e entregaria sua vida à morte para a redenção de todo ser humano que nele crer; como profetizou claramente Isaías (Is 52.13 – 53.12). A palavra "resgate" em seu sentido original traz o significado do preço total pago pela libertação de um escravo. No original grego, a palavra diakonos é usada para demonstrar essa atitude de Jesus, bem como o serviço voluntário, movido por amor, de um cristão em ajuda ao seu próximo. A expressão grega doulos significa o serviço obrigatório do "escravo" relaciona-se ao nosso procedimento dentro da comunidade cristã. [voltar ao texto]

14 - Essa é a única passagem em Marcos em que o título messiânico é dirigido a Jesus de Nazaré como forma de tratamento (Is 11.1-3; Jr 23.5,6; Ez 34.23,24; Mt 1.1; 9.27). [voltar ao texto]

15 - Bartimeu, falando em aramaico, a língua familiar de Jesus, o chama de raboni ou rabbúni, que significa: meu mestre.