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Marcos – Versão Atualizada da Bíblia King James

O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS


Cap. 1 - João Batista revela o caminho

(Mt 3.1-12; Lc 3.1-18, Jo 1.19-28)

1 Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.1

2 Conforme está escrito no livro do profeta Isaías: "Eis que Eu envio o meu mensageiro diante de ti, a fim de preparar o teu caminho; voz do que clama no deserto:

3 'Preparai o caminho do Senhor, tornai retas as suas veredas'".2

4 E foi assim que chegou João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para perdão dos pecados.3

5 Vinham encontrar-se com ele pessoas de toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando seus pecados.

6 João vestia roupas tecidas com pêlos de camelo, usava ao redor da cintura um cinto de couro e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.4


A mensagem de João

(Mt 3.11-12; Lc 3.15-17; Jo 1.19-28)

7 E esta era a pregação de João: "Depois de mim vem Aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno sequer de curvar-me para desamarrar as correias das suas sandálias.

8 Eu vos batizei com água; Ele, entretanto, vos batizará com o Espírito Santo".5


Jesus é batizado

(Mt 3.13-17; Lc 3.21-22; Jo 1.32-34)

9 Aconteceu, naqueles dias, que chegou Jesus, vindo de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no rio Jordão.

10 E, imediatamente após deixar a água, viu os céus rasgando-se e o Espírito descendo até Ele na forma de uma pomba.

11 Então houve uma voz vinda dos céus: "Tu és o meu Filho amado; em ti muito me agrado".6


Jesus é tentado

(Mt 4.1-11; Lc 4.1-13)

12 Logo em seguida, o Espírito o dirigiu para o deserto.

13 Ali esteve Ele por quarenta dias sendo tentado por Satanás; viveu entre as feras selvagens, e os anjos o serviram.7


Jesus convoca seus discípulos

(Mt 4.12-22; Lc 4.14,15; 5.1-11; Jo 1.35-42)

14 E depois que João foi levado à prisão, Jesus partiu para a Galiléia, pregando a todos as boas novas de Deus:8

15 "Cumpriu-se o tempo e está chegando o Reino de Deus; arrependei-vos e crede no Evangelho".9

16 Caminhando pela praia do mar da Galiléia, viu Jesus a Simão e seu irmão André lançando suas redes ao mar, pois eram pescadores.

17 Então, dirigiu-se a eles Jesus dizendo: "Vinde em minha companhia, e Eu vos tornarei pescadores de pessoas".

18 Naquele mesmo momento, eles abandonaram as suas redes e seguiram Jesus.

19 Andando um pouco mais adiante, Jesus avistou Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Eles estavam num barco consertando as redes.

20 Sem demora os chamou. E eles, deixando o pai, Zebedeu, com os empregados no barco, partiram seguindo a Jesus.10


Jesus ensina na sinagoga

(Lc 4.31-37)

21 Dirigiram-se para Carfanaum e, assim que chegou o sábado, tendo entrado na sinagoga, Jesus passou a ensinar.11

22 E todos ficavam maravilhados com o seu ensino, pois lhes ministrava como alguém que possui autoridade e não como os mestres da lei.12

23 Mas, naquele exato momento, levantou-se na sinagoga um homem possuído de um espírito imundo, que vociferava:

24 "O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nossa destruição? Conheço a ti, sei quem tu és: o Santo de Deus!".

25 Mas Jesus o repreendeu severamente: "Fica quieto e sai dele!".13

26 Então, o espírito imundo, sacudindo aquele homem violentamente e gritando com poderosa voz, saiu dele.

27 Todos ficaram atônitos e assustados perguntavam uns aos outros: "O que é isto? Novo ensinamento, e vejam quanta autoridade! Aos espíritos imundos Ele dá ordens, e eles prontamente lhe obedecem!".

28 Assim, rapidamente as notícias sobre a sua pessoa se espalharam em várias direções e por toda a região da Galiléia.


O poder de Jesus sobre doenças e demônios

(Mt 8.14-15; Lc 4.38-39)

29 E assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se para a casa de Simão e André, juntamente com Tiago e João.14

30 A sogra de Simão estava deitada, com muita febre, e logo falaram com Jesus a respeito dela.

31 Então, aproximando-se, Ele a tomou pela mão e a levantou. A febre imediata-mente a deixou e ela se pôs a servi-los.

32 Ao final da tarde, logo após o pôr-do-sol, o povo levou até Jesus todos os que estavam passando mal e os dominados por demônios.

33 E, assim, a cidade inteira se aglomerou à porta da casa.

34 Jesus curou a muitos de várias enfermidades, bem como expulsou diversos demônios. Entretanto, não permitia que os demônios falassem, pois eles sabiam quem era Ele.15


Jesus retira-se para orar

(Lc 4.42-44)

35 De madrugada, em meio a escuridão, Jesus levantou-se, saiu da casa e retirou-se para um lugar deserto, onde ficou orando.16

36 Simão e seus amigos saíram para procurá-lo.

37 Então, quando o acharam, informaram: "Todos estão te procurando!".

38 E Jesus os instruiu: "Vamos seguir para outros lugares, às aldeias vizinhas, a fim de que Eu pregue ali também. Pois foi para isso que vim".

39 E aconteceu que Ele percorreu toda a Galiléia, pregando nas sinagogas e expelindo os demônios.


A cura do leproso que creu

(Mt 8.1-4; Lc 5.12-16)

40 Certo leproso aproxima-se de Jesus e suplica-lhe de joelhos: "Se for da tua vontade, tens o poder de purificar-me!"

41 Movido de grande compaixão, Jesus estendeu a mão e, tocando nele, exclamou: "Eu quero. Sê purificado!"

42 No mesmo instante toda a doença desapareceu da pele daquele homem, e ele foi purificado.17

43 Em seguida Jesus se despede dele com forte recomendação:

44 "Atenta, não digas nada a ninguém; contudo vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação os sacrifícios que Moisés prescreveu, para que sirvam de testemunho".18

45 Contudo, assim que o homem saiu, começou a proclamar o que acontecera e a divulgar ainda muitas outras coisas, de modo que Jesus não mais conseguia entrar publicamente numa cidade, mas via-se obrigado a ficar fora, em lugares desabitados. Mesmo assim, pessoas de todas as partes iam ter com Ele.19



Cap. 2 - Jesus perdoa e cura

(Mt 9.1-8; Lc 5.17-26)

1 Chegando de novo em Cafarnaum, depois de alguns dias, o povo ficou sabendo que ele estava em casa.1

2 E foram tantos os que se aglomeraram ali, que já não havia lugar nem à porta; e Ele lhes pregava a Palavra.2

3 Vieram trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.

4 Não conseguindo levá-lo até Jesus, por causa da multidão, removeram parte da cobertura sobre o lugar onde estava Jesus e, por essa abertura no teto, baixaram a maca na qual se achava deitado o paralítico.3

5 Observando a fé que eles demonstravam, declarou Jesus ao paralítico: "Filho! Estão perdoados de ti os pecados".

6 Entretanto, alguns dos mestres da lei que por ali estavam sentados, julgaram em seu íntimo:

7 "Como pode esse homem falar desse modo? Está blasfemando! Quem afinal pode perdoar pecados, a não ser exclusivamente Deus?".4

8 Jesus imediatamente percebeu em seu espírito que era isso o que eles estavam urdindo e lhes questionou: "Por que cogitais desta maneira em vossos corações?

9 O que é mais fácil dizer ao paralítico: 'Estão perdoados de ti os pecados', ou falar: 'Levanta-te, toma a tua maca e sai andando'?5

10 Todavia, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados..." – dirigiu-se ao paralítico –

11 "Eu te ordeno: Levanta-te, toma tua maca e vai para tua casa".

12 Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando sua maca saiu andando à frente de todos, que, estupefatos, glorificaram a Deus, exclamando: "Nunca vimos nada semelhante a isto!".6


Jesus convoca Mateus

(Mt 9.9-13; Lc 5.27-32)

13 Uma vez mais, saiu Jesus e foi caminhar na praia, e toda a multidão vinha ao seu encontro, e Ele os ensinava.

14 Enquanto andava, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado à mesa da coletoria, e o chamou: "Segue-me!". Ao que ele se levantou e o seguiu.7


Jesus à mesa com pecadores

(Mt 9.10-13; Lc 5.29-32)

15 Aconteceu que, em casa de Levi, publicanos e pessoas de má fama, que eram numerosas e seguiam Jesus, estavam à mesa com Ele e seus discípulos.8

16 Quando os mestres da lei que eram fariseus o viram comendo com os publicanos e outras pessoas mal afamadas, perguntaram aos discípulos de Jesus: "Por que Ele se alimenta na companhia de publicanos e pecadores?".

17 Ao ouvir tal juízo, Jesus lhes ponderou: "Não são os que têm saúde que necessitam de médico, mas, sim, os enfermos. Eu não vim para convocar justos, mas sim pecadores".9


Jesus explica o jejum

(Mt 9.14-17; Lc 5.33-39)

18 Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Algumas pessoas vieram ter com Jesus e inquiriram: "Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, mas os teus discípulos não jejuam?"10

19 Explicou-lhes Jesus: "Como podem os convidados do noivo jejuar enquanto o têm consigo?11

20 Contudo, virão dias quando o noivo lhes será arrancado; e então, nessa ocasião, jejuarão.

21 Ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha, porquanto o remendo novo forçará o tecido velho e o rasgará ainda mais, aumentando a ruptura.

22 Assim como não há pessoa que deposite vinho novo em recipiente de couro velho; caso o faça, o vinho arrebentará o recipiente, e dessa forma, tanto o vinho novo quanto o recipiente se estragarão. Ao contrário, põe-se o vinho novo em um recipiente de couro novo".12


Jesus é Senhor do Sábado

(Mt 12.1-14; Lc 6.1-11)

23 E aconteceu que, passava Jesus num dia de sábado pelas plantações de cereal. Os seus discípulos, enquanto caminhavam, começaram a colher algumas espigas.

24 Então os fariseus advertiram-no: "Vê! Por que teus discípulos fazem o que não é permitido aos sábados?".13

25 Mas Ele esclareceu: "Nunca lestes como agiu Davi e seus companheiros, quando sofreram necessidade e tiveram fome?

26 Na época do sumo sacerdote Abiatar, Davi entrou na casa de Deus e se alimentou dos pães dedicados à oferta da Presença, que somente aos sacerdotes era permitido comer, e os ofereceu também aos seus companheiros".14

27 E então concluiu: "O sábado foi criado por causa do ser humano, e não o ser humano por causa do sábado.

28 Assim sendo, o Filho do homem é Senhor inclusive do sábado".15



Cap. 3 - Jesus cura as deformidades

(Mt 12.9-14; Lc 6.6-11)

1 Em outra ocasião, Jesus entrou na sinagoga e encontrou ali um homem que tinha atrofiada uma das mãos.

2 Alguns dos fariseus estavam procurando uma razão para acusar Jesus; por isso o observavam com toda a atenção, a fim de constatar se Ele iria curá-lo em pleno sábado.

3 Então convidou Jesus ao homem da mão atrofiada: "Levanta-te e vem aqui para o meio".

4 Em seguida Jesus indaga deles: "O que nos é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal? Salvar vidas ou matar as pessoas?". No entanto, eles ficaram calados.1

5 Indignado, olhou para os que estavam ao seu redor e, profundamente entristecido com a dureza do coração deles, ordenou ao homem: "Estende a tua mão". Ele a estendeu, e eis que sua mão fora restaurada.

6 Diante disso, retiraram-se os fariseus e iniciaram, em acordo com os herodianos, uma conspiração contra Jesus, e tramavam um meio de condená-lo à morte.2


Jesus cura multidões na praia

7 Jesus retirou-se com seus discípulos e foi na direção do mar, e uma numerosa multidão vinda da Galiléia o seguia.

8 E assim que ouviram a respeito de tudo o que Ele estava realizando, grande quantidade de pessoas provenientes da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, das regiões do outro lado do Jordão e das cercanias das cidades de Tiro e Sidom, veio ter com Jesus.3

9 Então, por causa das multidões, Ele pede aos discípulos que passem a manter um pequeno barco à sua disposição, para evitar que a massa de pessoas o apertasse, tirando-lhe os movimentos.

10 Pois Ele havia curado grande multidão, de modo que todos os que padeciam de alguma enfermidade se acotovelavam na tentativa de vê-lo e tocá-lo.

11 E acontecia que todas as vezes que as pessoas com espíritos imundos o viam, atiravam-se aos seus pés e berravam: "Tu és o Filho de Deus!".

12 Todavia, Jesus repreendia tais espíritos severamente, ordenando que não revelassem quem era Ele.


Jesus convoca os Doze

(Mt 10.1-4; Lc 6.12-16)

13 Jesus subiu a um monte e convocou para si aqueles a quem Ele queria. E eles foram para junto dele.

14 E escolheu doze, qualificando-os como apóstolos, para que convivessem com Ele e os pudesse enviar a proclamar.

15 E tivessem autoridade para expulsar demônios.4

16 Ele constituiu, pois, os Doze: Simão, a quem atribuiu o nome de Pedro.

17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer, "filhos do trovão".

18 E depois, André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote;

19 e Judas Iscariotes, que o traiu.


O pecado sem perdão

(Mt 12.22-32; Lc 11.14-23)

20 Foi então Jesus para casa. E uma vez mais grande multidão se apinhou, de tal maneira que Ele e os seus discípulos não conseguiam nem ao menos comer pão.

21 Quando os familiares de Jesus tomaram conhecimento do que estava acontecendo, partiram para forçá-lo a voltar, pois comentavam: "Ele perdeu o juízo!".5

22 Mas os mestres da lei, que haviam descido de Jerusalém exclamavam: "Ele está possuído por Belzebu!", e mais: "É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios".

23 Foi então que Jesus os chamou mais para perto e lhes admoestou por parábolas: "Como é possível Satanás expulsar Satanás?

24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir.

25 Se uma casa se dividir contra si mesma, igualmente não conseguirá manter-se firme.

26 Portanto, se Satanás se atira contra si próprio e se divide, não poderá subsistir, mas se destruirá.

27 De fato, ninguém pode entrar na casa do homem forte e furtar dali os seus bens, sem que primeiro o amarre. Só depois conseguirá saquear a casa dele.

28 Com toda a certeza Eu vos asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados.

29 Todavia, quem blasfemar contra o Espírito Santo jamais receberá perdão. Pelo contrário, é culpado de pecado eterno".

30 Jesus explicou isso porque eles estavam exclamando: "Ele está possesso de um espírito imundo".6


Jesus, sua mãe e seus irmãos

(Mt 12.46-50; Lc 8.19-21)

31 Foi quando chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. E ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo.

32 E havia grande número de pessoas sentadas em torno dele; e lhe avisaram: "Olha! Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e buscam por ti".

33 Então, Ele lhes respondeu com uma questão: "Quem é minha mãe, ou meus irmãos?".

34 E, repassando com o olhar a todos que estavam sentados ao seu redor declarou: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos!

35 Pois qualquer pessoa que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe".7



Cap. 4 - A parábola do semeador

(Mt 13.1-9; Lc 8.4-8)

1 Retornou Jesus à beira-mar para ensinar. E a multidão que se juntou ao seu redor era tão numerosa que o forçou a entrar num barco, onde assentou-se. O barco estava no mar e todo o povo agrupava-se na praia.1

2 E, assim, Ele lhes transmitia muitos ensinamentos por parábolas, e enfatizava ao ministrar:2

3 "Escutai! Eis que o semeador saiu a semear.

4 Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e chegaram as aves e a devoraram.

5 Outra parte caiu em solo pedregoso e, não havendo terra suficiente, nasceu rapidamente, pois a terra não era profunda.

6 Contudo, ao raiar do sol, as plantas se queimaram; e porque não tinham raiz, secaram.

7 Outra parte ainda caiu entre os espinhos; estes espinhos cresceram e sufocaram as plantas, e por isso não pôde dar frutos.

8 Finalmente, outras partes caíram em terra boa, germinaram, cresceram e ofereceram grande colheita, a trinta, sessenta e até cem por um".3

9 E alertou: "Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!".


Jesus explica a parábola

(Mt 13.10-23; Lc 8.9-15)

10 Quando se afastaram das multidões, os Doze e alguns outros que o seguiam lhe pediram para elucidar as parábolas.

11 Então, lhes revelou: "A vós foi concedido o mistério do Reino de Deus; aos de fora, entretanto, tudo é pregado por parábolas,4

12 com o propósito de que: 'mesmo que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não compreendam, e isso para que não se convertam e sejam perdoados'".5

13 Então Jesus os questionou: "Se não compreendeis essa parábola, como podereis entender todas as outras?

14 O semeador semeia a Palavra.

15 Algumas pessoas são como a semente à beira do caminho, onde a Palavra foi semeada. Mas assim que a ouvem, Satanás vem e toma a Palavra nelas semeada.

16 Assim também ocorre com a que foi semeada em solo pedregoso: são as pessoas que, ao ouvirem a Palavra, logo a recebem com alegria.

17 Entretanto, visto que não têm raízes em si mesmas, são de pouca perseverança. Ao surgir alguma tribulação ou perseguição por causa da Palavra, rapidamente sucumbem.

18 Outras ainda, como a semente lançada entre os espinhos, escutam a Palavra,

19 porém, quando chegam as preocupações da vida diária, a sedução da riqueza e todas as demais ambições, agridem e sufocam a Palavra, tornando-a infrutífera.6

20 Todavia, outras pessoas são como as que foram semeadas em terra boa: estas ouvem a Palavra, acolhem-na e oferecem farta colheita: a trinta, sessenta e até cem por um".


A parábola da luz encoberta

(Lc 8.16-18)

21 E lhes propôs: "Quem, porventura, traz uma candeia para colocá-la sob uma vasilha ou debaixo de uma cama? Ao invés, não a traz para ser depositada no candelabro?

22 Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia.

23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!".

24 E seguiu ensinando: "Ponderai atentamente o que tendes ouvido! Pois com a medida com que tiverdes medido vos medirão igualmente a vós; e ainda mais vos será acrescentado!

25 Porquanto, ao que tem mais se lhe dará; de quem não tem, até o que tem lhe será retirado".7


A parábola do Reino

(Mt 13.31-35; Lc 13.18-21)

26 Então contou-lhes que: "O Reino de Deus é semelhante a um homem que lançou a semente sobre a terra.

27 Enquanto ele dorme e acorda, durante noites e dias, a semente germina e cresce, embora ele desconheça como isso acontece.

28 A terra por si mesma produz o fruto: primeiro surge a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga.

29 Assim que as espigas amadurecem, o homem imediatamente lhes passa a foice, pois é chegado o tempo da colheita".8


A parábola do grão de mostarda

(Mt 13.31-35; Lc 13.18-21)

30 E contou-lhes mais: "Com o que compararemos o Reino de Deus? Que parábola buscaremos para representá-lo?

31 É como um grão de mostarda, que é a menor das sementes que se planta na terra.

32 Porém, uma vez semeada, cresce e se transforma na maior das hortaliças, com ramos tão grandes, a ponto de as aves do céu poderem abrigar-se sob a sua sombra".9


O ensino parabólico de Jesus

(Mt 13.34-35)

33 Assim, por meio de muitas parábolas semelhantes Jesus lhes comunicava a Palavra, conforme a medida das possibilidades de compreensão de seus ouvintes.

34 E nada lhes transmitia sem usar alguma parábola. Entretanto, quando estava em particular com os seus discípulos, explicava-lhes tudo claramente.


A tempestade se submete a Jesus

(Mt 8.23-27; Lc 8.22-25)

35 Naquele mesmo dia, ao cair da tarde, pediu aos seus discípulos: "Passemos para a outra margem".10

36 Eles, então, despedindo-se da multidão, o levaram no barco, assim como estava. E outros barcos o seguiam.

37 Aconteceu que levantou-se um tremendo vendaval, e as grandes ondas se jogavam para dentro do barco, de maneira que este foi se enchendo de água.11

38 Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o despertaram e suplicaram: "Mestre! Não te importas que pereçamos?".12

39 Então, Ele se levantou, repreendeu o vento e ordenou ao mar: "Aquieta-te! Silencia-te!". E logo o vento serenou, e houve completa bonança.

40 E indagou aos seus discípulos: "Por que sois covardes? Ainda não tendes fé?".

41 Os discípulos, contudo, estavam tomados de terrível pavor e comentavam uns com os outros: "Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?".13



Cap. 5 - A libertação de um possesso

(Mt 8.28-34; Lc 8.26-39)

1 E assim, atravessaram o mar e foram para a região dos gerasenos.1

2 Logo que Jesus desceu do barco, veio dos sepulcros, caminhando ao seu encontro, um homem possuído por um espírito imundo.

3 Esse homem vivia em meio aos sepulcros e não havia quem conseguisse dominá-lo, nem mesmo com correntes.

4 Muitas vezes já haviam acorrentado seus pés e mãos, mas ele arrebentava os grilhões e estraçalhava algemas e correntes. Ninguém tinha força para detê-lo.

5 E, noite e dia, sem repouso, perambulava por entre os sepulcros e pelas colinas, gritando e cortando-se com lascas de rocha.2

6 Ao avistar Jesus, ainda de longe, correu e atirou-se aos seus pés.

7 E clamou aos berros: "Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Suplico-te por Deus que não me atormentes!".3

8 Pois Jesus já lhe havia ordenado: "Sai deste homem, espírito imundo!".

9 Todavia, Jesus o interrogou: "Qual é o teu nome?". Respondeu ele: "Meu nome é Legião, porque somos muitos".4

10 E implorava insistentemente para que Jesus não os mandasse para fora daquela região.5

11 Enquanto isso, perto dali, numa colina vizinha, uma grande manada de porcos estava pastando.

12 Foi então que os demônios rogaram a Jesus: "Manda-nos para os porcos, para que entremos neles".

13 E Jesus lhes deu permissão, e os espíritos imundos deixaram o homem e entraram nos porcos. E a manada com cerca de dois mil porcos atirou-se precipício abaixo, em direção ao mar, e nele se afogaram.

14 As pessoas que apascentavam os porcos fugiram e relataram esses fatos na cidade e nos campos, e todo o povo correu para ver o que se havia passado.

15 Quando chegaram próximo de Jesus, observaram ali o homem que fora tomado por uma legião de demônios, assentado, vestido e em perfeito juízo. E ficaram assustados.

16 Os que presenciaram os fatos narraram ao povo o que havia ocorrido com o endemoninhado, e contaram também sobre os porcos.

17 Então o povo começou a implorar a Jesus que se afastasse daquela região que lhes pertencia.

18 E, quando Jesus estava entrando no barco, o homem que fora possuído pelos espíritos imundos, rogava-lhe que o deixasse seguir com Ele.

19 Jesus não consentiu; entretanto, orientou-o: "Vai para tua casa, para a tua família e anuncia a eles tudo quanto Deus tem realizado a teu favor, e como teve misericórdia de ti".6

20 Então, partiu aquele homem, e começou a pregar por toda a Decápolis as coisas que Jesus havia feito por ele. E todos ficavam maravilhados.7


Jesus vence a doença e a morte

(Mt 9.18-26; Lc 8.40-56)

21 E retornando Jesus de barco para a outra margem, numerosa multidão, uma vez mais, se formou ao seu redor, enquanto estava na praia.

22 Foi quando chegou ali um dos dirigentes da sinagoga local, chamado Jairo. Ao ver Jesus, prostrou-se aos seus pés.8

23 E lhe pediu aos prantos e com insistência: "Minha filha pequena está à beira da morte! Vem, impõe tuas mãos sobre ela, para que seja curada e viva".

24 Então Jesus foi com ele. E uma enorme multidão o acompanhava, apertando-o de todos os lados.

25 E estava por ali certa mulher que, havia doze anos, vinha padecendo de hemorragia.

26 Ela já tinha sofrido demasiado sob os cuidados de vários médicos e gastara tudo o que possuía; porém, em vez de melhorar, ia de mal a pior.9

27 Tendo ouvido falar a respeito de Jesus, passou pelo aglomerado de pessoas e conseguiu tocar em seu manto.

28 Pois dizia consigo mesma: "Se eu puder ao menos tocar as suas vestes, ficarei curada".10

29 E, naquele instante, se lhe estancou a hemorragia, e a mulher sentiu em seu corpo que estava liberta do seu sofrimento.

30 No mesmo momento, ao sentir que do seu interior fora liberado poder, Jesus virando-se em meio à multidão, inquiriu: "Quem tocou em meu manto?"11

31 Ao que os discípulos alegaram-lhe: "Vês a multidão que te comprime de todos os lados e perguntas: 'Quem me tocou?'".

32 No entanto, Jesus continuou olhando ao seu redor, esperando ver quem havia feito aquilo.

33 Então, a mulher, assustada e trêmula, sabendo o que lhe tinha sucedido, aproximou-se e prostrando-se aos seus pés declarou-lhe toda a verdade.

34 E Jesus afirmou-lhe: "Minha filha, a tua fé te salvou! Vai-te em paz e estejas liberta do teu sofrimento".

35 Enquanto Jesus ainda estava falando, chegaram algumas pessoas vindas da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga, a quem informaram: "Tua filha já está morta! Não adianta mais incomodar o Mestre".

36 Mas Jesus não deu atenção àquelas notícias, e voltando-se para o dirigente da sinagoga o encorajou: "Não temas, tão somente continue crendo!".12

37 E ordenou que ninguém o acompanhasse a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.13

38 Assim que chegaram à casa do dirigente da sinagoga, Jesus observou grande agitação, com muitas pessoas consternadas, chorando e se lamentando em alta voz.

39 Ao entrar na casa lhes questionou: "Por que estais em alvoroço e pranteais? A criança não morreu, mas está dormindo!".

40 E todos ali menosprezaram o juízo feito por Jesus. Ele, contudo, mandou que saíssem, chamou para perto de si o pai e a mãe da criança, bem como os discípulos que estavam em sua companhia, e adentrou o recinto onde jazia a criança.

41 Então, pegando na mão da menina, ordenou em aramaico: "Talitha koum!", que significa "Filhinha! Eu te ordeno, levanta-te!".14

42 E no mesmo instante, a menina que tinha doze anos de idade, ergueu-se do leito e começou a andar. Diante disso, todos ficaram assombrados.

43 Então Jesus lhes recomendou expressamente para que nenhuma outra pessoa viesse a saber do que haviam presenciado. E mandou que dessem algo de comer à menina.



Cap. 6 - Jesus é rejeitado pelos seus

(Mt 13.53-58; Lc 4.16-30)

1 Então, partiu Jesus dali e foi para sua terra natal, na companhia dos seus discípulos.

2 Com a chegada do sábado, começou a ensinar na sinagoga local, e muitos dos que o escutavam ficavam admirados e exclamavam: "De onde lhe vem tudo isto? E que sabedoria é esta que lhe foi outorgada?

3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não convivem conosco suas irmãs?". E ficaram escandalizados por causa dele.1

4 Contudo Jesus lhes afirmou: "Somente em sua própria terra, junto aos seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não é devidamente honrado".2

5 E, por isso, não podia realizar ali nenhum milagre, com exceção feita a alguns doentes, que ao impor de suas mãos foram curados.

6 E perplexo com a falta de fé por parte dos seus, passou a percorrer os povoados vizinhos e os ensinava.


Jesus envia os Doze em Missão

(Mt 10.5-15; Lc 9.1-6)

7 Convocou então os Doze para junto de si e os enviou de dois em dois, concedendo-lhes autoridade sobre os espíritos imundos.3

8 E determinou que nada levassem pelo caminho, a não ser um cajado somente; nem pão, nem mochila de viagem, nem dinheiro em seus cintos.

9 Que andassem calçados com sandálias, mas não carregassem duas túnicas.4

10 E recomendou-lhes: "Sempre que entrardes em uma casa, nela permanecei até vos retirardes de lá.

11 Contudo, se alguma aldeia não vos receber nem vos quiser ouvir, ao partirdes desse lugar, sacudi a poeira de debaixo de vossos pés como testemunho contra eles".5

12 Eles partiram e pregavam que todos se arrependessem.

13 E expulsavam muitos demônios; ungiam com óleo a inúmeros doentes e os curavam.6


João Batista é executado

(Mt 14.1-12; Lc 9.7-9)

14 E essas notícias chegaram aos ouvidos do rei Herodes, porquanto o nome de Jesus já havia se tornado célebre. Algumas pessoas estavam comentando: "João Batista ressuscitou dos mortos! Essa deve ser a razão pela qual através dele se operam poderes milagrosos".

15 Entretanto, outros alegavam: "Ele é Elias!". E ainda outros declaravam: "Ele é profeta, como um daqueles profetas do passado".7

16 Mas quando Herodes tomou conhecimento do que se comentava, exclamou: "João, a quem mandei decapitar, ressuscitou dos mortos!".

17 Porque o próprio Herodes havia expedido as ordens para que prendessem João e o acorrentassem no cárcere por influência de Herodias, esposa de Filipe, seu irmão, com a qual viera a se casar.

18 Pois, na ocasião, João havia admoestado a Herodes: "Não te é lícito viver com a mulher do teu irmão!".8

19 E por esse motivo Herodias o odiava e tencionava matá-lo. Contudo não conseguia realizar seu intento.

20 Porquanto Herodes temia a João, e sabedor de que era um homem justo e santo, o protegia. E quando o ouvia ficava admirado, e o escutava com prazer.9

21 Finalmente Herodias teve a ocasião oportuna que ansiava. No dia do aniversário dele, Herodes ofereceu um banquete aos seus líderes mais destacados, aos comandantes militares e às principais personalidades da Galiléia.

22 E aconteceu que a filha de Herodias se apresentou dançando e muito agradou a Herodes e aos convidados. Então, o rei brindou a jovem: "Pede-me o que desejares, e eu te darei!".

23 E sob juramento lhe assegurou: "Se pedires, ainda que seja a metade do meu reino, eu te darei!".10

24 Diante disso, saiu a moça e consultou sua mãe: "O que devo pedir?". Ao que ela recomendou: "A cabeça de João Batista!".

25 Sem demora, retornando imediatamente à presença do rei, formalizou seu pedido: "Quero que me dês agora mesmo a cabeça de João Batista sobre um prato!".

26 Então, grande angústia sobreveio ao rei, mas devido ao juramento que fizera e aos convivas que se reclinavam ao redor da sua mesa, não quis deixar de atendê-la.

27 Mandou, portanto, imediatamente um carrasco com ordens para trazer a cabeça de João. O executor foi e decapitou João na prisão.

28 E, trazendo a cabeça de João sobre um prato, a entregou à jovem, e esta, em seguida, a ofereceu à sua mãe.

29 Assim que souberam do fato, os discípulos de João foram até lá, resgataram o corpo e o depositaram em um sepulcro.


Jesus multiplica o pão

(Mt 14.13-21; Lc 9.10-17; Jo 6.1-15)

30 Retornaram os apóstolos e reuniram-se com Jesus para lhe relatar tudo quanto haviam realizado e ensinado.

31 Então convidou-lhes Jesus: "Vinde somente vós comigo, para um lugar deserto, e descansai um pouco". Pois, a multidão dos que chegavam e partiam era tão grande que eles sequer tinham tempo para comer.

32 E saindo de barco foram para um local despovoado.

33 Entretanto, muitos dos que os viram retirar-se, tendo-os reconhecido, saíram correndo a pé de todas as cidades e chegaram lá antes deles.

34 Quando Jesus desceu do barco e observou aquele enorme ajuntamento de pessoas, sentiu compaixão por elas, porquanto eram como ovelhas sem pastor. E, sem demora, passou a ministrar-lhes muitas orientações.11

35 Com o passar das horas, o final da tarde estava chegando, e por isso, os discípulos se aproximaram de Jesus e avisaram: "Este lugar é deserto e a hora já muito avançada!12

36 Despede, pois, a multidão para que possam ir aos campos e povoados vizinhos comprar para si o que comer".

37 Jesus porém os instruiu: "Provede-lhes vós mesmos de comer". Ao que lhe replicaram: "Devemos ir e comprar cerca de duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?".13

38 Mas Jesus lhes indaga: "Quantos pães tendes? Ide verificar!". E tendo-se informado, comunicaram: "Cinco pães e dois peixes".

39 Então Jesus determinou-lhes que fizessem com que todo o povo se acomodasse em grupos, reclinados sobre a relva verde do campo.14

40 E assim o fizeram, assentando-se em grupos de cem em cem e de cinqüenta em cinqüenta.15

41 E, tomando Ele os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu, rendeu graças e partiu os pães. A seguir, os entregou aos seus discípulos para que os servissem ao povo. Da mesma maneira repartiu os dois peixes entre toda a multidão ali reunida.

42 Todas as pessoas comeram à vontade e ficaram satisfeitas.16

43 Os discípulos ainda recolheram doze cestos repletos de pedaços de pão e de peixe.

44 E foram alimentados cinco mil homens naquele dia.


Jesus caminha sobre as águas

(Mt 14.22-36; Jo 6.16-24)

45 Logo em seguida, insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e seguissem adiante dele para Betsaida, enquanto Ele se despedia do povo.17

46 Tendo-o despedido, subiu a um monte para orar.

47 Chegando a noite, o barco estava no meio do mar, e Jesus encontrava-se sozinho em terra.

48 Ele notou que os discípulos remavam com dificuldade, pois o vento soprava contra eles. Em plena madrugada, Jesus vinha na direção deles, andando sobre o mar; e já estava prestes a passar por eles.18

49 Assim que o viram caminhando sobre as águas, logo pensaram se tratar de um fantasma. E por isso gritaram.19

50 Pois todos o tinham visto e ficaram apavorados. Contudo, Jesus lhes anunciou: "Tende coragem! Sou Eu! Não tenhais medo!".

51 Então logo subiu no barco para junto deles, e o vento se acalmou; e eles ficaram pasmos.

52 Afinal, eles nem tinham entendido o milagre dos pães, porquanto seus corações se mantinham endurecidos.20


Muitos creram e foram curados

(Mc 14.34-36)

53 Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré e ali aportaram.21

54 Logo que desembarcaram o povo reconheceu Jesus.

55 Multidões viajavam por toda aquela região, levando seus enfermos em macas, para onde ouviam que Ele estava.

56 E onde quer que Ele fosse ministrar, povoados, cidades ou campos, a população trazia os doentes para as praças. E imploravam-lhe que pudessem ao menos tocar na borda do seu manto; e todos os que nele tocavam eram curados.



Cap. 7 - Jesus e os mestres da lei

(Mt 15.1-20)

1 E ocorreu que alguns mestres da lei e fariseus, vindos de Jerusalém, reuniram-se em volta de Jesus.1

2 Observaram que alguns dos seus discípulos comiam os pães com as mãos impuras, isto é, sem lavá-las.2

3 Pois os fariseus e todos os judeus não se alimentam sem lavar as mãos de forma cerimonial, preservando a tradição dos antigos.

4 Quando chegam da rua, não tocam nos alimentos sem antes se banharem. Além disso há muitos outros costumes que guardam, tais como o lavar de copos, jarros e vasilhas de metal.3

5 Então os fariseus e os mestres da lei questionaram a Jesus: "Por qual razão os seus discípulos não andam em conformidade com a tradição dos anciãos, mas tomam o pão com mãos impuras?".

6 Ele, entretanto, lhes afirmou: "Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas; pois assim está escrito: 'Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim.

7 Em vão me adoram; as doutrinas que ensinam não passam de ordenanças humanas'.4

8 E assim abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos às tradições dos homens".5

9 E acrescentou-lhes: "Sabeis sempre encontrar um meio de negligenciar os mandamentos de Deus, com o propósito de estabelecerdes a vossa própria tradição!

10 Porquanto Moisés afirmou: 'Honra a teu pai e a tua mãe'. E mais: 'Quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe será condenado à pena de morte'.

11 Contudo, vós afirmais: 'Se uma pessoa disser a seu pai ou a sua mãe: 'Os bens com os quais eu vos poderia ajudar são Corbã', isto é, uma oferta dedicada ao Senhor,

12 vós o desobrigais do dever de prestar qualquer ajuda de que seu pai ou sua mãe necessite.6

13 Assim, conseguis anular a eficácia da Palavra de Deus, por intermédio da tradição que vós próprios tendes transmitido. E, dessa mesma maneira, procedeis em relação a vários outros assuntos".7

14 Jesus conclamou novamente a multidão para junto de si e lhes anunciou: "Ouvi-me, todos, e entendei!

15 Nada existe fora da pessoa humana que, entrando nela, a possa tornar impura. Ao contrário, o que sai do ser humano é que o faz impuro.

16 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!".

17 Então, após haver deixado a multidão e entrado em casa, os discípulos lhe pediram uma explanação sobre aquela parábola.8

18 Ao que Ele lhes declarou: "Ora, pois nem vós tendes tal entendimento? Não conseguis compreender que nada que entre no homem tem o poder de torná-lo impuro?

19 Porque efetivamente não entra em seu coração, mas sim em seu estômago, sendo digerido e depois expelido". Ao fazer essa afirmação, Jesus proclamava puros todos os alimentos.9

20 E disse mais: "O que sai do ser humano é o que o torna impuro".

21 Pois é de dentro do coração dos homens que procedem aos maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os furtos, os homicídios, os adultérios,

22 as ambições desmedidas, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a difamação, a arrogância e a insensatez.

23 Ora, todos esses males procedem do interior, contaminam a pessoa humana e a tornam impura.10


Uma gentia manisfesta sua fé

(Mt 15.21-28)

24 Então, partiu Jesus daquele lugar e foi para os arredores de Tiro e de Sidom. Entrou em uma casa e desejava que ninguém o soubesse; porém, não foi possível manter sua presença em segredo.11

25 De fato, assim que ouviu falar sobre Ele, certa mulher, cuja filha pequena estava com um espírito imundo, chegou e atirou-se aos seus pés.

26 A mulher era grega, de origem siro-fenícia, e implorava a Jesus que expulsasse de sua filha, o demônio.12

27 Mas Jesus lhe explicou: "Deixa primeiro que os filhos se alimentem até ficarem satisfeitos; pois não é justo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos".13

28 Ao que replicou-lhe a mulher: "Sim, Senhor, mas até os filhotes dos cães, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças!".14

29 Então Ele lhe declarou: "Por causa dessa tua resposta, podes ir em paz; o demônio já saiu de tua filhinha".

30 Ao retornar ela para sua casa encontrou a criança jogada sobre a cama, pois o demônio a havia abandonado.


A cura de um surdo-gago

31 Outra vez, saindo Jesus das terras de Tiro, seguiu em direção ao mar da Galiléia, passando por Sidom e atravessando a região de Decápolis.

32 Então, algumas pessoas lhe apresentaram um homem que era surdo e mal podia falar, e lhe suplicaram que impusesse sua mão sobre ele.

33 Jesus conduziu o homem, a sós, para longe da multidão, e colocou os dedos nas orelhas dele. Em seguida, cuspiu e tocou na língua daquele homem.

34 Depois, levantando os olhos para o céu e, com um profundo suspiro, ordenou: "Efatá!", que quer dizer: "Abre-te!"15

35 Imediatamente, os ouvidos do homem se abriram, sua língua desprendeu-se e ele começou a falar fluentemente.16

36 Entretanto, Jesus ordenou-lhes que não dissessem a ninguém o que ali se passara. Contudo, quanto mais Ele recomendava, tanto mais eles o divulgavam.

37 As multidões ficavam sobremodo maravilhadas e proclamavam: "Ele faz tudo de forma esplêndida! Faz tanto os surdos ouvirem como os mudos falarem".17



Cap. 8 - Nova multiplicação dos pães

(Mt 15.32-39)

1 Naqueles dias, uma grande multidão novamente se ajuntou, e não tendo as pessoas com o que se alimentar, chamou Jesus os discípulos e lhes compartilhou:1

2 "Tenho compaixão desta multidão; já se passaram três dias que estão comigo e não têm o que comer.2

3 Se Eu os enviar de volta às suas casas, em jejum, vão desfalecer pelo caminho, pois alguns deles vieram de longe".

4 Entretanto, os discípulos alegaram: "Onde, neste lugar desabitado, seria possível alguém conseguir pão suficiente para alimentar a todos?".

5 Indagou-lhes Jesus: "Quantos pães tendes?". Ao que afirmaram eles: "Sete".

6 Então Ele orientou o povo a reclinar-se sobre o chão. E, após tomar os sete pães e dar graças, partiu-os e os entregou aos seus discípulos, para que estes servissem à multidão; e assim foi repartido entre todas as pessoas.

7 Havia também alguns peixes pequenos; da mesma forma Ele deu graças e ordenou aos discípulos que os distribuíssem.

8 Todas as pessoas ali reunidas comeram até se saciar; e ainda recolheram sete cestos grandes, cheios de pedaços que sobraram.

9 Na multidão havia cerca de quatro mil homens. Então, Jesus despediu-se do povo.

10 Logo depois, entrou no barco com seus discípulos e dirigiu-se para a região de Dalmanuta.3


Os fariseus querem um sinal

(Mt 16.1-4)

11 Os fariseus se aproximaram e começaram a questionar Jesus. Então o tentaram e, para prová-lo, pediram que lhes apresentasse um sinal miraculoso do céu.4

12 No entanto, Jesus suspirou profundamente e lhes afirmou: "Por que pede esta geração um sinal dos céus? Com certeza vos asseguro que para esta geração não haverá sinal algum".

13 E, deixando-os, voltou a embarcar e rumou para o outro lado.


O perigo das más influências

(Mt 16.5-12)

14 Aconteceu que os discípulos se esqueceram de levar pães e, no barco, tinham consigo apenas um único pão.

15 E Jesus passou a recomendar a eles: "Cuidado! Guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes".5

16 Eles, porém, especulavam entre si, argumentando: "É por que não trouxemos pão!".

17 Ao notar a discussão, Jesus questionou: "Por que discorreis sobre o não terdes pão? Até agora não considerastes, nem ainda compreendestes? Permaneceis com o coração petrificado?

18 Tendo olhos, não vedes? E, possuindo ouvidos, não escutais? Não vos recordais?

19 Quando dividi os cinco pães para os cinco mil homens, de quantos cestos cheios de pedaços que sobraram recolhestes? E, afirmaram-lhe: 'Doze!'

20 E quando Eu parti sete pães para aqueles quatro mil, quantos cestos grandes, repletos de sobras recolhestes do chão?" Responderam eles: 'Sete!'6

21 Ao que lhes concluiu Jesus: "E então, ainda não compreendeis?".


Um cego em Betsaida é curado

22 E, chegando a Betsaida, algumas pessoas trouxeram um cego à presença de Jesus e rogavam-lhe que o tocasse.7

23 Então, Ele tomou o cego pela mão e o conduziu para fora da aldeia. Em seguida, cuspiu nos olhos daquele homem e lhe impôs as mãos. E indagou: "Vês alguma coisa?".

24 O homem levanta os olhos e afirma: "Vejo pessoas; mas elas se parecem com árvores caminhando".

25 Mais uma vez, Jesus colocou suas mãos sobre os olhos do homem. E, no mesmo instante, tendo sido completamente restaurado, via com clareza, e podia discernir todas as coisas.

26 Então Jesus enviou aquele homem para casa, recomendando-lhe: "Nem sequer no povoado entres!".


Pedro confessa Jesus como Messias

(Mt 16.13-20; Lc 9.18-21)

27 Jesus e seus discípulos partiram para os povoados nas cercanias de Cesaréia de Filipe. No caminho, Ele lhes inquiriu: "Quem dizem as pessoas que Eu Sou?".8

28 Ao que eles informaram: "Alguns comentam que és João Batista, outros, Elias; e ainda há quem afirme que és um dos profetas".

29 Então lhes questionou: "Mas vós, quem dizeis que Eu Sou?" E, asseverando Pedro, declarou: "Tu és o Cristo!".

30 Jesus, por sua vez, lhes recomendou que nada divulgassem a seu respeito.


Jesus anuncia sua Paixão

(Mt 16.21-23; Lc 9.22)

31 Então, passou Jesus a ensinar-lhes que era imperioso que o Filho do homem fosse vítima de muitos sofrimentos, viesse a ser rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei; então fosse assassinado, para depois de três dias ressuscitar.9

32 E Jesus falou sobre esse assunto de maneira clara. Mas Pedro, chamando-o em particular, começou a censurá-lo energicamente.

33 Entretanto, Jesus voltou-se, olhou para seus discípulos e repreendeu severamente a Pedro, exclamando: "Para trás de mim, Satanás! Pois não estais pensando na obra de Deus, mas sim nas ambições humanas".10

34 Em seguida, convocou Jesus a multidão e os discípulos, e os desafiou: "Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e venha após mim.11

35 Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo Evangelho salva-la-á!

36 Portanto, de que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?

37 Ou ainda, o que uma pessoa poderia dar em troca de sua alma?

38 Assim sendo, numa época como esta, de incredulidade e perversidade, se alguém tiver vergonha de mim e dos meus ensinamentos, então o Filho do homem, quando voltar na glória do seu Pai, juntamente com os santos anjos, também a essa pessoa não oferecerá honra".12



Cap. 9 - A transfiguração de Jesus

(Mt 17.1-8; Lc 9.28-36)

1 Então lhes falou Jesus: "Com toda a certeza vos asseguro que alguns dos que aqui estão de modo algum passarão pela morte, até que vejam o Reino de Deus chegando com poder".

2 Passados seis dias, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e os conduziu a um lugar retirado, no alto de um monte, onde puderam ficar a sós. E ali Ele foi transfigurado diante deles.1

3 Suas vestes tornaram-se alvas, de um branco reluzente, como nenhum lavandeiro em toda a terra seria capaz de alvejá-las.

4 Então, apareceu à sua frente Elias com Moisés, e estavam conversando com Jesus.

5 E Pedro, tomando a palavra, sugeriu: "Rabi, é muito bom estarmos aqui! Vamos erguer três tabernáculos: um será teu, um para Moisés e um para Elias".2

6 Pedro não sabia o que falar, pois eles haviam ficado aterrorizados.

7 Em seguida, surgiu uma nuvem que os envolveu, e dela soou uma voz, que declarou: "Este é o Meu Filho amado, a Ele dai ouvidos!".3

8 E, de repente, quando olharam ao redor, a ninguém mais viram, a não ser Jesus.

9 Durante a caminhada, descendo o monte, Jesus lhes ordenou que a ninguém revelassem o que haviam presenciado, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos.

10 Eles mantiveram esse assunto exclusivamente entre si, mas comentavam sobre qual o significado da expressão "ressuscitado dos mortos".

11 Então questionaram-lhe: "Por que os mestres da lei afirmam que é preciso que Elias venha primeiro?".

12 E Jesus lhes esclareceu: "Realmente, Elias vindo primeiro, restaura todas as coisas. Agora, por que está escrito também que é necessário que o Filho do homem sofra penosamente e seja rejeitado com desprezo?

13 Pois Eu lhes digo: Elias também já veio, e fizeram contra ele tudo o que desejaram, como está escrito a respeito dele".4


Jesus cura um menino possesso

(Mt 17.14-23; Lc 9.37-45)

14 Assim que chegaram onde estavam os demais discípulos, observaram um grande aglomerado de pessoas ao redor deles e os mestres da lei discutindo com eles.

15 Logo que a multidão percebeu Jesus, tomada de surpresa correu para Ele e o saudava.

16 Então, Jesus dirigiu a palavra aos escribas e os inquiriu: "O que discutíeis com eles?"

17 Contudo, um homem, no meio da multidão, replicou: "Mestre! Trouxe-te o meu filho, que está tomado por um demônio que o impede de falar.5

18 Onde quer que este o toma, joga-o no chão. Então ele espuma pela boca, range os dentes e fica todo enrijecido. Roguei aos teus discípulos que expulsassem o tal espírito, mas eles não conseguiram".

19 Admoestou-lhes Jesus: "Ó geração sem fé, até quando estarei Eu junto a vós? Até quando vos suportarei? Trazei-o a mim!".

20 E logo o trouxeram. Assim que o espírito viu Jesus, no mesmo instante provocou uma convulsão no menino. Este caiu no chão e começou a rolar, espumando pela boca.

21 Então Jesus indagou ao pai do menino: "Há quanto tempo isto lhe está acontecendo?". E o pai declarou: "Desde a infância.

22 Muitas vezes esse demônio o tem jogado no fogo e na água, para matá-lo. Todavia, se Tu podes fazer algo, tem compaixão de nós e, de alguma maneira, ajuda-nos!".

23 "Se podes?", contestou-lhe Jesus: "Tudo é possível para aquele que crê!".6

24 Imediatamente o pai do menino asseverou: "Creio! Ajuda-me a vencer a minha falta de fé".

25 Percebendo que o povo estava se ajuntando, repreendeu o espírito imundo, determinando: "Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: Deixa este jovem e jamais o tomes novamente!".

26 Então o demônio berrou, agitou o jovem violentamente e o abandonou. O menino ficou desfalecido, a ponto de todos afirmarem: "Ele morreu!".

27 Entretanto Jesus, pegando a mão do menino, o levantou, e ele ficou em pé.

28 Mais tarde, quando Jesus estava em casa, seus discípulos o consultaram em particular: "Por que razão não fomos capazes de expulsá-lo?".

29 E Jesus lhes advertiu: "Essa espécie de demônios só é expelida com oração e jejum".


O segundo anúncio da Paixão

(Mt 17.22-23; Lc 9.43-45)

30 Eles partiram daquele lugar e atravessaram a Galiléia. E Jesus evitava que qualquer pessoa soubesse onde se achavam.7

31 Pois estava dedicado ao ensino dos seus discípulos e lhes revelava: "O Filho do homem está prestes a ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão, mas três dias depois ressuscitará".

32 Todavia, eles não conseguiam entender o que Ele desejava comunicar, mas tinham receio de inquiri-lo a este respeito.


Quem é o maior no Reino?

(Mt 18.1-5; Lc 9.46-48)

33 Então chegaram a Cafarnaum. Quando já estavam em casa, indagou-lhes: "Sobre o que discorríeis pelo caminho?".

34 Eles, porém, ficaram em silêncio; porque no caminho haviam discutido sobre quem era o maior.

35 Assentando-se, Jesus reuniu os Doze e lhes orientou: "Se alguém deseja ser o primeiro, será o último, e servo de todos".

36 E, conduzindo uma criança, colocou-a no meio deles e, tomando-a nos braços, revelou-lhes:

37 "Quem recebe uma destas crianças, por ser meu seguidor, do mesmo modo estará a mim recebendo; e qualquer que me recebe, não está apenas me recebendo, mas igualmente àquele que me enviou".8


Quem não é contra, está a favor

(Lc 9.49,50)

38 Contou-lhe João: "Mestre, vimos um homem que, em teu nome, estava expulsando demônios e procuramos impedi-lo; pois, afinal, ele não era um dos nossos".

39 "Não o impeçais!"- ponderou Jesus. "Ninguém que realize um milagre em meu nome, é capaz de falar mal de mim logo em seguida.

40 Portanto, quem não é contra nós, está a nosso favor.9

41 Com toda a certeza vos asseguro, qualquer pessoa que vos der de beber um copo de água, pelo fato de pertencerdes a Cristo, de maneira alguma perderá a sua recompensa".


Evitar o pecado a todo custo

(Mt 18.6-9)

42 "Se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, seria melhor que fosse lançado no mar com uma pedra de asno amarrada ao pescoço.10

43 E, se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a, pois é melhor entrares para a Vida mutilado do que, possuindo as duas mãos, ires para o inferno, onde o fogo que arde jamais arrefece.11

44 Naquele lugar, os teus vermes devoradores não morrem, e as chamas nunca se apagam.

45 E, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, pois é melhor entrares para a Vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno.

46 Onde o teu verme não morre, e o fogo é inextinguível.

47 E ainda, se um dos teus olhos te levar a pecar, arranca-o. É melhor entrares no Reino de Deus com apenas um dos teus olhos do que, possuindo os dois olhos, seres atirado no inferno.

48 Naquele lugar, os teus vermes devoradores não morrem, e as chamas nunca se apagam.


Os cristãos são o sal da terra

(Mt 5.13; Lc 14.34-35)

49 Pois todos serão salgados com fogo.12

50 O sal é bom; mas se o sal perder o seu sabor, como restaurar as suas propriedades? Tende o bom sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros".13



Cap. 10 - Casamento e Separação

(Mt 19.1-12)

1 Partindo dali, foi Jesus para a região da Judéia e para o outro lado do Jordão. E, outra vez, grande multidão chegou-se a Ele e, como era seu costume, passou a ensinar as pessoas ali reunidas.1

2 Alguns fariseus se aproximaram de Jesus e, para colocá-lo à prova questionaram: "É permitido ao homem separar-se de sua esposa?".

3 Inquiriu-lhes Jesus: "O que lhes ordenou Moisés?".

4 E eles replicaram: "Moisés permitiu que o homem desse à sua mulher uma certidão de divórcio e a mandasse embora".

5 Esclareceu-lhes Jesus: "Moisés vos deixou escrita essa lei por causa da dureza dos vossos corações!".2

6 Entretanto, no princípio da criação Deus 'os fez homem e mulher'.

7 'Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua esposa,

8 e os dois se tornarão uma só carne'. Dessa forma, eles já não são dois, mas sim uma só carne.3

9 Portanto, o que Deus uniu, não o separe o ser humano!".

10 Mais tarde, quando estavam em casa, uma vez mais os discípulos indagaram Jesus sobre o mesmo assunto.

11 Então Ele lhes explicou: "Todo homem que se separar de sua esposa e se unir a outra mulher, estará cometendo adultério contra a sua esposa.

12 Da mesma maneira, se uma mulher se divorciar de seu marido e se casar com outro homem, estará igualmente caindo em adultério".4


Jesus abençoa as crianças

(Mt 19.13-15; Lc 18.15-17)

13 E aconteceu que as pessoas traziam crianças para que Jesus lhes impusesse a mão, mas os discípulos repreendiam o povo.

14 Todavia, quando Jesus notou o que se passava, ficou indignado e lhes advertiu: "Deixai vir a mim os pequeninos. Não os impeçais, pois deles é o Reino de Deus.

15 Com toda a certeza vos asseguro: aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, jamais terá acesso a ele".

16 Em seguida, abraçou as crianças, impôs-lhes as mãos e as abençoou.5


O homem que deseja possuir tudo

(Mt 19.16-30; Lc 18.18-30)

17 E, colocando-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, indagou-lhe: "Bom Mestre! O que devo fazer para herdar a vida eterna?".

18 Replicou-lhe Jesus: "Por que me chamas bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus!6

19 Tu conheces os mandamentos: 'Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não enganarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe'".7

20 Ao que o homem declarou: "Mestre, tudo isso tenho obedecido desde minha adolescência".

21 Então Jesus o olhou com compaixão e lhe revelou: "Contudo, te falta algo mais importante. Vai, vende tudo o que tens, entrega-o e receberás um tesouro no céu; então, vem e segue-me!".8

22 Diante disso, o homem abateu-se profundamente e retirou-se entristecido, pois possuía muitos bens.


Com Deus tudo é possível

(Mt 19.23-30; Lc 18.24-30)

23 Então, Jesus, observando ao redor, declarou aos seus discípulos: "Quão difícil é para aqueles que possuem muitos bens ingressar no Reino de Deus!".

24 Os discípulos ficaram perplexos diante de tais palavras; no entanto, Jesus insistiu em lhes afirmar: "Filhos, entrar no Reino de Deus é, de fato, muito difícil!

25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus".

26 Os discípulos ficaram muito assustados e comentavam uns com os outros: "Sendo assim, quem conseguirá se salvar?".9

27 E Jesus, fixando neles o olhar lhes revelou: "Para o homem isso é impossível; todavia, não para o Senhor. Pois para Deus tudo é possível!".

28 Então Pedro começou a declarar para Jesus: "Eis que nós tudo abandonamos para te seguir".

29 Garantiu-lhes Jesus: "Com toda a certeza vos asseguro que ninguém há que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou bens, por causa de mim e do Evangelho,

30 que não receba, já no presente, cem vezes mais, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e propriedades, e com eles perseguições; mas no mundo futuro, a vida eterna.

31 Todavia, muitos primeiros serão últimos; e muitos últimos serão primeiros".10


Jesus outra vez prediz sua Paixão

(Mt 20.17-19; Lc 18.31-34)

32 E sucedeu que estavam no caminho, subindo para Jerusalém. Jesus à frente os conduzia. Os discípulos estavam admirados, enquanto os demais seguidores sentiam medo. Uma vez mais Ele reuniu à parte os Doze e compartilhou o que lhe aconteceria:11

33 "Eis que subimos para Jerusalém, e o filho do Homem será entregue nas mãos dos chefes dos sacerdotes e dos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios,

34 que zombarão dele, lhe cuspirão, torturarão e finalmente o matarão. Contudo, após três dias Ele ressucitará".


No Reino o servo é o mais poderoso

(Mt 20.20-28)

35 Foi então que Tiago e João, filhos de Zebedeu, chegaram mais perto dele e lhe solicitaram: "Mestre, desejamos que nos concedas o que vamos te pedir".

36 E lhes indagou Jesus: "Que quereis que Eu vos faça?".

37 Ao que rogaram: "Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda".

38 Ponderou-lhes Jesus: "Não sabeis o que estais pedindo. Podeis vós beber do cálice que Eu vou beber e ser batizados com o batismo com que estou sendo batizado?".12

39 "Podemos!". Replicaram eles. Então Jesus lhes revelou: "Sim, bebereis o cálice que Eu bebo e, de fato, recebereis o batismo com que Eu sou batizado;

40 todavia, o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados".

41 Assim que os outros dez ouviram esse assunto, ficaram indignados contra Tiago e João.

42 Jesus, por sua vez, os convocou e orientou: "Sabeis que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam e as pessoas importantes exercem poder sobre elas.

43 Contudo, não é assim que ocorre entre vós. Ao contrário, quem desejar tornar-se importante entre vós deverá ser servo;

44 e quem ambicionar ser o primeiro entre vós que se disponha a ser o escravo de todos.

45 Porquanto, nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos".13


A cura do cego Bartimeu

(Mt 20.29-34; Lc 18.35-43)

46 Chegaram pois a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, e mais uma grande multidão, estavam deixando a cidade, o filho de Timeu, chamado Bartimeu, que era cego, estava assentado à beira do caminho, pedindo esmolas.

47 Assim que ouviu que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: "Jesus! Filho de Davi, tem misericórdia de mim!".

48 Muitos o advertiam severamente para que se calasse, contudo ele gritava ainda mais: "Filho de Davi! Tem compaixão de mim!".14

49 Foi então que Jesus parou e pediu: "Chamai-o!" E assim foram chamar o cego: "Ânimo, homem! Levanta-te, Ele te chama".

50 Jogando sua capa para o lado, de um só salto colocou-se em pé e foi ao encontro de Jesus.

51 Indagou-lhe Jesus: "Que queres que Eu te faça?" Rogou-lhe o cego: "Raboni, que eu volte a enxergar!".15

52 E Jesus lhe ordenou: "Vai em frente, a tua fé te salvou!". No mesmo instante o homem recuperou a visão e passou a seguir a Jesus pelo caminho.



Cap. 11 - A entrada triunfal de Jesus

(Mt 21.1-11; Lc 19.28-40; Jo 12.12-19)

1 Quando estavam se aproximando de Jerusalém, chegando a Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou então Jesus dois dos seus discípulos,1

2 e lhes recomendou: "Ide ao povoado que está logo adiante de vós e, assim que entrardes, achareis um jumentinho amarrado, sobre o qual ninguém ainda montou. Soltai-o e trazei-o aqui.2

3 Se alguém vos inquirir: 'Por que fazeis isso?'. Replicai: 'O Senhor precisa dele e sem demora o enviará de volta para aqui'.

4 Eles partiram e logo encontraram um jumentinho na rua, amarrado a um portão, e o desprenderam.

5 E alguns dos que ali estavam censuraram-lhes: "Que fazeis, soltando o jumentinho?".

6 Eles, todavia, justificaram-se conforme Jesus os orientara; diante do que lhes permitiram seguir.

7 E, assim, trouxeram o jumentinho até onde estava Jesus, selaram-no com seus mantos, e Jesus o montou.

8 Então, muitas pessoas estendiam seus mantos pelo caminho, outras espalhavam ramos que tinham cortado nos campos.3

9 Tanto os que caminhavam adiante dele, como os que seguiam após, proclamavam: "Hosana! Bendito é o que vem em Nome do Senhor!

10 Bendito seja o Reino vindouro de nosso pai Davi! Hosana nos mais elevados céus!".4

11 Então, Jesus entrou em Jerusalém e dirigiu-se ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, partiu para Betânia com os Doze.


Jesus purifica o templo

(Mt 21.12-17; Lc 19.45-48)

12 No dia seguinte, enquanto estavam saindo de Betânia, Jesus teve fome.

13 E, avistando ao longe uma figueira com folhas, foi verificar se encontraria nela algum fruto. Chegando perto dela, nada encontrou, a não ser folhas, porque não era a época de figos.

14 Então a repreendeu: "Nunca mais, em tempo algum, coma alguém fruto de ti!". E os discípulos escutaram quando proferiu isso.5

15 Assim que chegou a Jerusalém, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali estavam apenas comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que comercializavam pombas.6

16 Também não permitia que ninguém transportasse mercadorias pelo templo.

17 E os admoestava exclamando: "Não está escrito: 'A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos'? Vós, contudo, a tendes transformado em 'covil de ladrões'".

18 Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei escutaram essas críticas e começaram a tramar um meio para assassiná-lo, pois o temiam, haja vista que todo o povo estava maravilhado com o seu saber e ministração.7

19 E, ao pôr-do-sol, eles saíram da cidade.


O poder da oração de fé

(Mt 21.18-22)

20 E, caminhando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde as raízes.8

21 Pedro, recordando-se do ocorrido, informou a Jesus: "Rabbi! Eis que a figueira que amaldiçoaste secou!".

22 Observou-lhes Jesus: "Tende fé em Deus!9

23 E, com toda a certeza eu vos asseguro, que se qualquer pessoa ordenar a este monte: 'Levanta-te e lança-te no mar, e não houver dúvida em seu coração, mas crer que se realizará o que pede, assim lhe será feito'.

24 Portanto, vos afirmo: Tudo quanto em oração pedirdes, tenhais fé que já o recebestes, e assim vos sucederá.

25 Mas, quando estiverdes orando, se tiverdes algum ressentimento contra alguma pessoa, perdoai-a, para que, igualmente, vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.

26 Entretanto, se não perdoardes, vosso Pai que está nos céus também não vos perdoará os vossos pecados".


A autoridade de Jesus é divina

(Mt 21.23-27; Lc 20.1-8)

27 Mais tarde, chegaram outra vez a Jerusalém. E Jesus, ao caminhar pelo templo, foi abordado pelos chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos, que lhe questionaram:

28 "Com que autoridade ages como vens agindo? Ou quem te outorgou tal autoridade para fazeres o que fazes?10

29 Jesus lhes replicou: "Eu também vos proporei uma questão; respondei-me, e Eu vos revelarei com que autoridade tenho ministrado.

30 O batismo de João provinha do céu ou dos seres humanos? Respondei-me pois!".

31 E aconteceu que eles passaram a discutir entre si: "Se afirmarmos: Do céu, ele nos indagará: 'Então, por qual razão não acreditastes nele?'.

32 Se, por outro lado, declararmos: Dos seres humanos..." Neste caso, temiam as multidões, pois todos realmente consideravam João um profeta.

33 Finalmente declararam a Jesus: "Não sabemos!". E, Jesus, por sua vez, concluiu-lhes: "Ora, nem Eu tampouco vos revelarei com que autoridade estou realizando estas obras!".11



Cap. 12 - Parábola dos vinicultores maus

(Mt 21.33-46; Lc 20.9-19)

1 Jesus então passou a ministrar-lhes por meio de parábolas: "Certo homem plantou uma vinha, ergueu uma cerca ao redor dela, cavou um tanque para esmagar as uvas e construiu uma torre de vigia. Depois arrendou a vinha para alguns lavradores e partiu de viagem.1

2 Chegando a época da colheita, enviou um servo aos lavradores, com o objetivo de receber deles sua parte do fruto da vinha.2

3 No entanto, eles o agarraram, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias.

4 Então lhes enviou um outro servo; e também lhe bateram na cabeça e o humilharam.

5 E enviou outro ainda, o qual assassinaram. Então enviou muitos outros; mas a alguns agrediram e a outros mataram.

6 Finalmente, restava-lhe enviar seu próprio e amado filho; a este lhes enviou com a seguinte intenção: 'A meu filho respeitarão'.3

7 Todavia, aqueles lavradores combinaram entre si: 'Este é o herdeiro! Ora, venham, vamos matemo-lo, e assim a herança será toda nossa'.4

8 Então o agarraram, assassinaram e o jogaram para fora da vinha.

9 Diante disso o que fará o proprietário da vinha? Virá, destruirá aqueles lavradores e outorgará a vinha a outros vinicultores.

10 Ainda não lestes esta passagem nas Escrituras? 'A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a pedra principal, angular;

11 isto procede do Senhor, e é obra de grande maravilha para todos nós'".5

12 Por isso começaram a tramar um jeito de prendê-lo, pois perceberam que Ele havia narrado aquela história com o propósito de acusá-los. Contudo, tinham receio da multidão; e acharam melhor se afastarem.


Adorar a Deus e honrar o Estado

(Mt 22.15-22; Lc 20.19-26)

13 Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos fariseus e herodianos para tentar condená-lo em alguma palavra que proferisse.6

14 E, ao se aproximarem, lhe questionaram: "Mestre, sabemos que és verdadeiro e que não te deixas influenciar por ninguém, pois não te impressionas com a aparência exterior das pessoas, mas ensinas o caminho de Deus em conformidade com a mais pura verdade. Assim sendo, diga-nos, é lícito pagar imposto a César ou não?

15 Devemos pagar ou podemos nos recusar?". Jesus, porém, conhecendo o quão hipócritas estavam sendo, lhes inquiriu: "Por que me tentais? Trazei-me um denário para que Eu o examine!".

16 E eles lhe trouxeram a moeda, ao que Ele lhes indagou: "De quem é esta imagem e esta inscrição?". "Ora, de César", replicaram eles.

17 Então Jesus lhes asseverou: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!" E todos ficaram pasmos com Ele.7


A ressurreição de todos os mortos

(Mt 22.23-33; Lc 20.27-40)

18 Depois chegaram os saduceus, que pregam não haver qualquer ressurreição, com a seguinte questão:8

19 "Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se um homem morrer e deixar sua esposa sem filhos, seu irmão deverá se casar com a viúva e gerar filhos para seu irmão.

20 Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou-se e faleceu sem deixar filhos.

21 Então o segundo desposou a viúva, mas também morreu sem deixar descendentes. O mesmo ocorreu com o terceiro.

22 E, dessa forma, nenhum dos sete irmãos deixou filhos. Finalmente, faleceu também a mulher.

23 Na ressurreição, de quem essa mulher será esposa, haja vista que os sete irmãos foram casados com ela?".

24 Então Jesus os admoestou: "Não é sem motivo que errais tanto, pois não compreendeis as Escrituras nem o poder de Deus!9

25 Quando os mortos ressuscitam não se casam mais, nem são dados em casamento. Pois se tornam como os anjos nos céus.

26 A respeito da ressurreição dos mortos, ainda não tendes lido no livro de Moisés, no texto referente à sarça, como Deus lhe declarou: 'Eu Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?'.

27 Ora, Ele não é Deus de mortos, e sim o Deus dos vivos!'. Estais absolutamente enganados!".10


O principal dos mandamentos

(Mt 22.34-40; Lc 10.25-28)

28 Um dos mestres da lei achegou-se e os ouviu argumentando. Ao constatar como Jesus lhes houvera respondido esplendidamente, perguntou-lhe: "De todos os mandamentos, qual é o mais importante?"11

29 Esclareceu Jesus: "O mais importante de todos os mandamentos é este: 'Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus é o único Senhor.

30 Amarás, portanto, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força'.12

31 E o segundo é: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'. Não existe qualquer outro mandamento maior do que estes".

32 Então o escriba exaltou Jesus: "Muito bem, Mestre! Estás absolutamente certo ao afirmares que Deus é único e que não existe outro que se compare a Ele.

33 E que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento, e com todas as forças, bem como amar ao próximo como a si mesmo é muito mais importante do que todos os sacrifícios e ofertas juntos".

34 Jesus, por sua vez, vendo que o homem havia respondido com sabedoria, revelou-lhe: "Não estás distante do Reino de Deus!". E, a partir disto, não havia mais alguém que ousasse lhe questionar coisa alguma.


Cristo é o Senhor de Davi

(Mt 22.41-46; Lc 20.41-44)

35 Mais tarde, Jesus estava ensinando no templo, quando levantou uma questão: "Como podem os mestres da lei pregar que o Cristo é filho de Davi?

36 Sendo que o próprio Davi, expressando-se pelo Espírito, afirmou: 'O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que Eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés'.13

37 Se o próprio Davi o chama de 'Senhor'. Como é possível, então, ser Ele seu filho?". E numeroso ajuntamento de pessoas o ouvia com grande deleite!


Jesus condena os escribas

(Mt 23.1-7,14; Lc 20.45-47)

38 E, continuando seu ensino, advertia Jesus: "Acautelai-vos dos escribas. Pois eles fazem questão de andar com roupas especiais e de receber saudações em praças públicas,14

39 de sentar nos lugares de maior destaque nas sinagogas, e ainda de ocupar as posições mais honrosas à mesa dos grandes banquetes.15

40 Eles devoram as casas das viúvas e, para dissimular, fazem longas orações. Estes, certamente, receberão condenação ainda mais severa!".16


A valiosa oferta da viúva pobre

(Lc 21.1-4)

41 E Jesus foi sentar-se em frente ao local onde eram depositadas as contribuições financeiras e observava a multidão colocando o dinheiro nas caixas de coleta de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias.17

42 Foi então que uma viúva pobre se aproximou e depositou duas moedas bem pequenas, de cobre e, portanto, de bem pouco valor.18

43 E chamando para perto de si os seus discípulos, Jesus lhes declarou: "Com toda a certeza vos afirmo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os demais ofertantes.

44 Porquanto, todos eles ofertaram do que lhes sobrava; aquela senhora, entretanto, da sua penúria deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento".



Cap. 13 - Os sinais do final dos tempos

(Mt 24.1-35; Lc 21.5-37)

1 E ocorreu que ao sair Jesus do templo, observou-lhe um de seus discípulos: "Olhai Mestre! Que pedras enormes. Que construções magníficas!".1

2 Entretanto Jesus lhe revelou: "Vês estas suntuosas construções? Pois aqui não restará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas!".

3 Então, havendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, de frente para o templo, Pedro, Tiago, João e André o consultaram em particular:

4 "Dize-nos quando acontecerão estes eventos, e que sinal haverá quando todos eles estiverem prestes a cumprir-se?".

5 E Jesus passou a preveni-los: "Vede que pessoa alguma vos induza ao erro.2

6 Pois serão muitos os que virão em meu nome, afirmando: 'Sou eu'; e iludirão multidões.

7 No entanto, assim que ouvirem notícias sobre guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário que assim ocorra, contudo, ainda não é o fim.3

8 Porquanto nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Sucederão terremotos em vários lugares e muita fome por toda parte. Esses acontecimentos são o início das dores!

9 Ficai vós alertas, pois vos denunciarão aos tribunais e sereis açoitados nas sinagogas. Por minha causa vos farão comparecer à presença de governadores e reis, e isso se constituirá em testemunho para eles.4

10 Contudo, é indispensável que primeiro o Evangelho seja anunciado para todas as nações.5

11 Todas as vezes que fordes presos e levados a julgamento, não vos preocupeis com o que haveis de declarar, porém, o que vos for concedido naquele momento, isso proclamai; porque não sois vós os que falais, mas sim, o Espírito Santo!

12 E sucederá que um irmão trairá seu próprio irmão, entregando-o à morte, e dessa mesma maneira agirá o pai para com seu filho. Filhos haverá que se revoltarão contra seus próprios pais e os assassinarão.

13 Sereis odiados de todos por minha causa, todavia, aquele que permanecer firme até o seu fim receberá a glória da salvação.


A grande tribulação

(Mt 24.15-28; Lc 21-24)

14 Então, quando virdes o sacrilégio horrível posicionado no lugar onde não deve estar (aquele que lê as Escrituras entenderá), os que estiverem na Judéia fujam para os montes.

15 Quem estiver sobre a laje que cobre as vossas casas, fugi depressa, nem entre para retirar dela qualquer de vossos pertences.6

16 Quem estiver no campo não retorne para apanhar seu manto.

17 Como serão terríveis aqueles dias, principalmente para as grávidas e para as mães que estiverem amamentando!

18 Orem para que estes eventos não venham a ocorrer no inverno.

19 Pois aqueles serão dias de tamanho sofrimento, como jamais houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem nunca mais haverá.

20 Portanto, se o Senhor não tivesse reduzido aquele período, nenhum ser de carne e osso sobreviveria. Contudo, por causa dos eleitos por Ele escolhidos, tais dias foram abreviados pelo Senhor.7

21 Se, todavia, alguém lhes anunciar: 'Eis aqui o Cristo!' Ou ainda: 'Ei-lo logo ali!' Não deis qualquer crédito a isso!

22 Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, realizando sinais e maravilhas, com o objetivo de enganar, se possível, os próprios eleitos.8

23 Desse modo estai vigilantes, pois sobre tudo isso vos avisei com antecedência!


O glorioso retorno de Jesus

(Mt 24.29-31; Lc 21.25-28)

24 Porém, naqueles dias, depois do referido período de tribulação, 'o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz;9

25 as estrelas cairão do céu e os poderes celestes serão abalados'.

26 Então o Filho do homem será visto chegando nas nuvens, com grande poder e glória.

27 Ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, das extremidades da terra até os confins do céu.


A parábola da boa figueira

(Mt 24.32-44; Lc 21.29-36)

28 Portanto, aprendei com o ensino da figueira: Quando seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, sabeis que o verão vem chegando.

29 Dessa mesma maneira, assim que observardes esses sinais ocorrendo, sabei que o tempo está próximo, já às portas.

30 Com toda a certeza vos afirmo que não passará esta geração até que todos esses fatos ocorram.10

31 Os céus e a terra passarão, contudo as minhas palavras nunca passarão.


Só Deus sabe o dia e a hora. Vigiai!

(Mt 24.36-51)

32 Todavia, a respeito daquele dia ou hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho do homem, senão apenas o Pai.

33 Estai, pois, atentos e vigiai! Porquanto não cabe a vós saber quando será este tempo.

34 É como um homem que viaja para outro país e, deixando a sua casa, encarrega cada um de seus servos das suas tarefas e ordena ao porteiro que vigie.11

35 Vigiai, pois, uma vez que não sabeis quando regressará o dono da casa: se à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou mesmo ao raiar do dia.

36 E, em vindo repentinamente, que não vos surpreenda entregues ao sono.

37 O que vos tenho dito, proclamo a todos: Vigiai!".12



Cap. 14 - Trama para matar Jesus

(Mt 26.1-5; Lc 22.1-2)

1 Restavam somente dois dias para a Páscoa e para a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei buscavam um meio de surpreender Jesus em qualquer erro e assim poder condená-lo à morte.1

2 Entretanto, comentavam: "Que não seja durante as festividades, para que o povo não se tumultue".


Jesus é ungido em Betânia

(Mt 26.6-13; Jo 12.1-8)

3 E estando Jesus em Betânia, reclinado à mesa na casa de certo homem conhecido como Pedro, o leproso, achegou-se dele uma mulher portando um frasco de alabastro contendo valioso perfume, feito de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou todo o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.2

4 Diante disso, indignaram-se alguns dos presentes, e a criticavam entre si: "Para que este desperdício de tão valioso perfume?

5 Um bálsamo como este poderia ser vendido por trezentos denários, e o dinheiro ser doado aos pobres". E a censuravam severamente.3

6 "Deixai-a em paz!"- ordenou-lhes Jesus. "Por que causais problemas a esta mulher? Ela realizou uma boa ministração para comigo".

7 Quanto aos pobres, sempre os tendes ao vosso lado, e os podeis ajudar todas as vezes que o desejardes, todavia a mim nem sempre me tereis.

8 A mulher fez tudo que estava ao seu alcance. Derramou o bálsamo sobre mim, antecipando a preparação do meu corpo para o sepultamento.4

9 Com toda a certeza Eu vos asseguro: onde quer que o Evangelho for pregado, por todo o mundo, será também proclamada a obra que esta mulher realizou, e isso para que ela seja sempre lembrada".

10 E, depois disso, Judas Iscariotes, um dos Doze, foi encontrar-se com os chefes dos sacerdotes, com o propósito de lhes entregar Jesus.

11 Ao ouvirem a proposta, eles ficaram muito satisfeitos e se comprometeram a lhe pagar algum dinheiro. E, por isso, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo.


A Ceia do Senhor

(Mt 26.17-30: Lc 22.7-23; Jo 13.18-30)

12 E, no primeiro dia da festa dos pães sem fermento, quando tradicionalmente se sacrificava o cordeiro pascal, os discípulos de Jesus o consultaram: "Onde desejas que vamos e façamos os preparativos para ceares a Páscoa?".5

13 Então Ele enviou dois de seus discípulos instruindo-lhes: "Ide à cidade, e certo homem carregando um cântaro de água virá ao vosso encontro.6

14 Segui-o e dizei ao proprietário da casa onde ele entrar que o Mestre deseja saber: 'Onde está a minha sala de jantar onde cearei a Páscoa com os meus discípulos?'.7

15 E aquele homem vos mostrará um amplo cenáculo todo mobiliado e pronto; ali fazei os preparativos".

16 Partiram, pois, os discípulos e chegaram na entrada da cidade onde encontraram tudo como Jesus lhes havia predito. E ali prepararam a Páscoa.8

17 Ao pôr-do-sol chegou Jesus com seus Doze.

18 E quando estavam ceando, reclinados à mesa, Jesus lhes revelou: "Com toda a certeza vos afirmo que um dentre vós, este que come comigo, me trairá".9

19 Eles ficaram consternados e lhe afirmavam: "É certo que não serei eu!".

20 Mas, asseverou-lhes Jesus: "É um dos Doze, aquele que come comigo do mesmo prato.10

21 O Filho do homem vai, conforme está escrito a respeito dele. No entanto, infeliz daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe fora jamais haver nascido!".


O ato de partilhar o pão e o cálice

(Mt 26.26-30; Lc 22.19-23; 1Co 11.23-25)

22 E, enquanto ceavam, tomou Jesus um pão e, tendo dado graças, o partiu, e o serviu aos seus discípulos, declarando: "Tomai, isto é o meu corpo".11

23 Em seguida, tomou Jesus um cálice, deu graças e o entregou aos discípulos, e todos beberam dele.

24 Então lhes revelou: "Isto é o meu sangue da Aliança, o qual é derramado para o bem de muitos.12

25 Com toda a certeza vos afirmo que não voltarei a beber do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus".13

26 E, depois de haverem cantado um salmo, partiram para o monte das Oliveiras.


Jesus prediz a traição de Pedro

(Mt 26.31-35; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38)

27 Então, Jesus lhes advertiu: "Todos vós me abandonareis. Pois está escrito: 'Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas'.

28 Contudo, depois da minha ressurreição, partirei adiante de vós rumo à Galiléia".

29 Pedro exclamou: "Mesmo que todos te abandonem, eu nunca te deixarei!".

30 Replicou-lhe Jesus: "Com toda a certeza te asseguro que ainda hoje, nesta noite, antes que por duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes".

31 Entretanto, Pedro insistia com eloqüência: "Ainda que seja preciso que eu morra ao teu lado, jamais te negarei!". E da mesma maneira responderam todos os demais.


Jesus Cristo no Getsêmani

(Mt 26.36-46; Lc 22.39-46)

32 Então caminharam para um lugar chamado Getsêmani e, tendo chegado, solicitou Jesus aos seus discípulos: "Assentai-vos aqui, enquanto Eu vou orar".14

33 E levou consigo a Pedro, Tiago e João, e começou a sentir grande temor e profunda angústia.

34 E compartilhou com eles: "Minha alma está extremamente triste até à morte; ficai pois aqui e vigiai".

35 Caminhou um pouco mais adiante e, prostrando-se, orava para que, se possível, àquela hora fosse afastada dele.

36 E rogava: "Abba, Pai, todas as coisas são possíveis para ti, afasta de mim este cálice; todavia, não seja o que Eu desejo, mas sim o que Tu queres".15

37 Ao voltar para seus discípulos, os surpreendeu dormindo: "Simão!"- chamou Ele a Pedro. "Estais dormindo? Não conseguistes vigiar nem por uma hora?

38 Vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois, de um lado, o espírito está pronto, mas, por outro lado, a carne é fraca".

39 E, uma vez mais, Ele se afastou e orou, repetindo as mesmas expressões.16

40 Ao regressar, novamente os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados, mas não sabiam como justificar-se.

41 Voltando ainda uma terceira vez, Ele lhes admoestou: "Ainda dormis e descansais? Basta! Eis que a hora é chegada! O filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.

42 Levantai-vos, pois, e vamos! Eis que chegou aquele que me está traindo!".


Jesus é traído e preso

(Mt 26.47-56; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11)

43 Jesus ainda não havia terminado de falar, quando surgiu Judas, um dos Doze. E com ele chegou uma multidão armada de espadas e cassetetes, vinda da parte dos chefes dos sacerdotes, mestres da lei e líderes religiosos.17

44 Ora, o traidor tinha combinado um sinal com eles: "Aquele a quem eu saudar com um beijo, é Ele: prendei-o e levai-o sob forte segurança".

45 Então, assim que chegou, dirigiu-se imediatamente para Jesus e o saudou: "Rabbi!". E o beijou.18

46 Em seguida, os homens agarraram Jesus e o prenderam.

47 Nesse momento, um dos que estavam bem próximos puxou da espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha.19

48 Exclamou-lhes Jesus: "Acaso estou Eu liderando alguma rebelião, para virdes me prender com espadas e cassetetes?

49 Pois diariamente tenho estado convosco no templo, vos ensinando, e não me prendestes. Contudo, é para que se cumpram as Escrituras".

50 Logo em seguida, todos fugiram e o abandonaram.20

51 Certo jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus, quando também tentaram prendê-lo.

52 Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo.21


Jesus perante o Sinédrio

(Mt 26.47-56; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11)

53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote; e então se reuniram todos os chefes dos sacerdotes, os líderes religiosos e os mestres da lei.22

54 Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote. E permaneceu assentado entre os criados, aquecendo-se junto ao fogo.

55 Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam buscando denúncias contra Jesus, todavia não conseguiam encontrar nenhuma.

56 Várias pessoas também testemunharam falsamente contra Ele, contudo, suas declarações não se mostraram coerentes.23

57 Então, outros se levantaram para testemunhar inverdades contra Ele:

58 Nós o ouvimos exclamar: "Eu destruirei este templo construído por mãos humanas e em três dias edificarei outro, não erguido por mãos de homens".

59 Entretanto, nem mesmo quanto a essa acusação o testemunho deles era congruente.

60 Então o sumo sacerdote levantou-se diante de todos e interrogou a Jesus: "Nada contestas à denúncia que estes levantam contra ti?".

61 Ele, contudo, permaneceu em silêncio e nada replicou. Mas o sumo sacerdote voltou a indagá-lo: "És tu o Messias, o Filho do Deus Bendito?".24

62 Jesus asseverou: "Eu Sou! E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e chegando com as nuvens do céu".25

63 Diante disto, o sumo sacerdote rasgou suas vestes e esbravejou: "Por que ainda necessitamos de outras testemunhas?".

64 "Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?". E todos o julgaram merecedor da pena de morte.26

65 E assim alguns começaram a cuspir nele; encapuzaram-no, vendando seus olhos e, esmurrando-o, exclamavam: "Profetiza!". E os guardas o levaram debaixo de bofetadas.27


Pedro nega a Jesus

(Mt 26.69-75; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18, 25-27)

66 Continuando Pedro na parte de baixo, no pátio, uma das criadas do sumo sacerdote passou por ali.28

67 E, vendo a Pedro se aquecendo, fixou bem seus olhos nele e afirmou: "Tu também estavas com Jesus, o Nazareno!".

68 Todavia, ele o negou, assegurando: "Não o conheço, nem ao menos sei do que estás falando". Então foi para fora, em direção ao pórtico. E um galo cantou.

69 Quando a criada o viu lá, começou novamente a falar às pessoas que estavam em derredor: "Este é um deles!".

70 Porém, uma vez mais, ele o negou. E, pouco tempo mais tarde, os que estavam sentados ali perto identificaram Pedro: "Com toda a certeza, tu és um deles, pois és galileu também!".

71 Pedro começou a amaldiçoar-se e a jurar: "Não conheço esse homem de quem falais!".29

72 E, em seguida, o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: "Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes". E, percebendo o que fizera, caiu em profundo pranto.



Cap. 15 - Jesus impressiona Pilatos

(Mt 27.1-2.11-26; Lc 23.1-7.13-25; Jo 18.28-19.16)

1 Ao raiar do dia, entraram em assembléia os chefes dos sacerdotes com os líderes religiosos, os mestres da lei e todo o Supremo Tribunal dos Judeus e tomaram uma decisão: amarraram Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos.1

2 Então Pilatos o interrogou: "És tu o rei dos judeus?". Ao que Jesus lhe replicou: "Tu o dizes".

3 E os chefes dos sacerdotes passaram a levantar várias outras acusações contra Ele.

4 Por isso Pilatos indagou uma vez mais: "Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem!".

5 Mas Jesus não respondeu uma só palavra, a ponto de Pilatos ficar muito impressionado.2

6 Ora, por ocasião da festa, fazia parte da tradição libertar um prisioneiro por aclamação popular.

7 Um homem conhecido por Barrabás estava na prisão junto a rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião.3

8 Concentrando-se a multidão, clamaram a Pilatos que lhes outorgasse o direito de costume nessas ocasiões.

9 E Pilatos lhes ofereceu: "Quereis que eu vos liberte o rei dos judeus?".

10 Porquanto ele bem sabia que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus.

11 Então os chefes dos sacerdotes instigaram a multidão a rogar a Pilatos que, ao contrário, soltasse Barrabás.

12 Contudo Pilatos lhes questionou: "Assim sendo, que farei com este a quem chamais o rei dos judeus?"

13 Mas eles gritavam: "Crucifica-o!".

14 "Por quê? Que mal fez este homem?". Inquiriu Pilatos. Todavia, eles clamavam ainda mais decididos: "Crucifica-o!".

15 Então, Pilatos, para satisfazer a todo aquele povo reunido, soltou-lhes Barrabás; ordenou que Jesus fosse açoitado e depois o sentenciou à crucificação.


Jesus é humilhado pelos soldados

(Mt 27.27-31)

16 Em seguida, os soldados agarraram Jesus e o conduziram para dentro do palácio, isto é, ao Pretório, e agruparam toda a tropa.

17 Vestiram-no com um manto de cor púrpura real, depois teceram uma coroa de espinhos e a cravaram sobre sua cabeça.

18 E começaram a saudá-lo: "Salve! Ó rei dos judeus!".4

19 Espancavam-lhe a cabeça com uma vara e cuspiam sobre ele. Ajoelhavam-se e lhe rendiam adoração.

20 Depois de haverem zombado dele, despiram-lhe o manto de cor púrpura e o vestiram com suas próprias roupas. Então o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.


O ato da crucificação

(Mt 27.32-44; Lc 23.26-43; Jo 19.16-27)

21 E ocorreu que certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, vindo do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz.5

22 Levaram Jesus para um lugar denominado Gólgota, que significa local da Caveira.

23 E lhe deram vinho misturado com mirra, mas Ele não o bebeu.6

24 Então o crucificaram. Dividindo suas vestes, jogaram sortes para saber com que parte cada um iria ficar.

25 Eram nove horas da manhã quando o crucificaram.7

26 E assim ficou escrito na acusação contra Ele: O REI DOS JUDEUS.

27 Junto a Jesus crucificaram dois criminosos, um à sua direita e outro à sua esquerda.8

28 Cumpriu-se assim a Escritura que diz: "Ele foi contado entre os malfeitores".

29 Os transeuntes lançavam-lhe impropérios, gesticulando a cabeça e exclamando: "Ah! Tu que destróis o templo e, em três dias, o reconstróis!

30 Agora desce da cruz e salva-te a ti mesmo!".

31 Da mesma maneira os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei zombavam dele entre si, exclamando: "Salvou a tantos, mas a si mesmo não pode salvar-se!

32 Que o Cristo, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e creiamos!". E, de igual modo, os que com Ele foram crucificados o insultavam.9


Jesus brada em sua morte

(Mt 27.45-56; Lc 23.44-49; Jo 19.28-30)

33 E aconteceu que toda a terra foi coberta pelas trevas, desde o meio-dia até às três horas da tarde.10

34 Então, por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: "Elohi, Elohi! Lemá sabachtháni?"- que traduzido, quer dizer: "Meu Deus, meu Deus! Por que me abandonaste?".11

35 Alguns dos que presenciavam o que estava ocorrendo, ouvindo isso, comentavam: "Vede, Ele clama por Elias!".12

36 Então, um deles correu e ensopou uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e a estendeu até Jesus para que sorvesse. E explicou: "Deixai! Vejamos se Elias vem para tirá-lo daí".

37 Todavia, Jesus, com um forte brado, expirou.13

38 Então, o véu do Lugar Santíssimo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.14

39 E, quando o centurião, que estava bem em frente de Jesus, ouviu o seu brado e viu a maneira como expirou, exclamou: "Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus!".15

40 Algumas mulheres acompanhavam tudo de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, o mais jovem, e de José.

41 Na Galiléia elas tinham seguido e servido a Jesus. Muitas outras mulheres haviam subido com Ele para Jerusalém e, de igual modo, estavam ali presentes.16


O sepultamento de Jesus

(Mt 27.57-61; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42)

42 Este era o Dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado.17

43 E José de Arimatéia, membro honrado do Supremo Tribunal dos Judeus, que também aguardava o Reino de Deus, dirigiu-se corajosamente a Pilatos e solicitou o corpo de Jesus.18

44 Pilatos recebeu com espanto a notícia de que Jesus já havia falecido. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se fazia muito tempo que morrera.

45 Sendo informado pelo centurião, consentiu em ceder o corpo a José.

46 Então José comprou um lençol de linho, desceu o corpo da cruz, envolveu-o no lençol e o colocou num sepulcro cavado na rocha. Depois, fez rolar uma pedra sobre a entrada do sepulcro.19

47 Ora, Maria Madalena e Maria, mãe de José, viram onde Ele fora depositado.



Cap. 16 - Jesus é ressuscitado

(Mt 28.1-10; Lc 24.1-12; Jo 20.1-9)

1 Ao encerrar-se o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, compraram especiarias aromáticas para ungir o corpo de Jesus.1

2 Ao raiar do primeiro dia da semana, elas caminharam até o sepulcro.

3 E questionavam umas às outras: "Quem poderá remover para nós a grande pedra que fecha a entrada do sepulcro?".2

4 Contudo, ao se aproximarem do local, viram que aquela enorme pedra, havia sido removida da entrada.

5 E, entrando no sepulcro, viram um jovem vestido de túnica branca, assentado à direita, e ficaram muito assustadas.3

6 "Não vos amedronteis", disse ele. "Vós buscais a Jesus, o Nazareno, que morreu na cruz. Pois Ele foi ressuscitado! Não está mais aqui. Vede o lugar onde o haviam depositado.4

7 Agora ide, dizei aos discípulos dele e a Pedro que Ele está seguindo adiante de vós para a Galiléia. Lá vós o vereis, assim como Ele vos predisse".5

8 Apavoradas e trêmulas, as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E não informaram nada a ninguém, pois estavam assombradas e com medo.


Jesus aparece primeiro a Madalena

(Jo 20.11-18)

9 Quando Jesus ressuscitou, ao alvorecer do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, de quem havia expulsado sete demônios.6

10 Então, ela foi e comunicou aos que com Ele tinham estado. Eles, porém, estavam desolados e em prantos.

11 Quando receberam a notícia de que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não conseguiram acreditar.


Jesus aparece a outros dois discípulos

(Lc 24.13-35)

12 Depois Jesus apareceu, em uma outra forma, a outros dois seguidores que estavam a caminho do interior.7

13 Então, eles retornaram e informaram tudo isso aos demais. Contudo, também no depoimento deles não creram.


Jesus aparece e ordena aos discípulos

14 Mais tarde Jesus apareceu aos Onze, enquanto estavam reclinados, ceando. Repreendeu-lhes a falta de fé e a dureza dos corações, porque não acreditaram no testemunho daqueles que o tinham visto depois de ressurreto.

15 E lhes ordenou: "Enquanto estiverdes indo pelo mundo inteiro proclamai o Evangelho a toda criatura.

16 Aquele que crer e for batizado será salvo. Todavia, quem não crer será condenado!

17 E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu Nome expulsarão demônios; em línguas novas falarão.8

18 Pegarão serpentes com as mãos; e, se algo mortífero beberem, de modo nenhum lhes fará mal, sobre os enfermos imporão as mãos e eles serão curados!"9


Jesus sobe à direita do Pai

(Lc 24.50-53; At 1.6-11)

19 Concluindo, depois de lhes ter orientado, o Senhor Jesus foi elevado aos céus e assentou-se à direita de Deus.10

20 Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a Palavra com os sinais que a acompanhavam.